Card Sorting é um ótimo método para conseguir insights valiosos no processo de pesquisa e Arquitetura da Informação de um site.
Ao criar um website, aplicativo ou software, designers precisam organizar as informações de forma que as pessoas encontrem o que estão procurando e não fiquem perdidas ou confusas ao interagir com a interface.
Então grande parte de oferecer uma boa experiência está atrelado a como você organiza, agrupa e categoriza as informações no seu site. Entretanto, o conteúdo é muitas vezes estruturado com base no que faz sentido para a empresa, para o time de UX, mas não para os usuários.
Assim, uma das principais maneiras de descobrir uma estrutura de organização que melhor corresponda ao modelo mental do seu público-alvo é utilizando o Card Sorting.
Esse artigo vai te ajudar a entender Como e Quando usar o Card Sorting e ainda mostraremos algumas ferramentas que te ajudarão no processo!
Dica de leitura: Arquitetura Da Informação - Planejando O Conteúdo Da Sua Interface
O que é Card Sorting?
O Card Sorting — ou classificação de cartões em português — é uma técnica de pesquisa em UX para descobrir como os usuários entendem e categorizam as informações.
Por isso o método é tão usado na Arquitetura da Informação, pois é através desse entendimento que o time de UX consegue agrupar e rotular as informações do site de uma maneira que faça sentido para os visitantes.
Dessa forma, o Card Sorting utiliza a psicologia cognitiva para mostrar os modelos mentais dos usuários e revelar sua lógica de pensamento.
Você pode usar o Card Sorting para resolver questões como:
- Classificar produtos em um e-commerce;
- Organizar perguntas em uma página FAQ;
- Desmaranhar um site complexo;
- Organizar conteúdos em Blog ou website — como nossos artigos aqui.
Garantir uma boa Arquitetura da Informação, deixará seu website acessível, navegável e amigável (user-friendly), entregando ao público-alvo a melhor experiência possível.
Como funciona?
Em uma sessão de Card Sorting os participantes recebem vários cartões, para então organizá-los em categorias. Essas categorias podem ser pré-estabelecidas ou não, conforme veremos logo abaixo.
Enquanto os usuários pensam em voz alta enquanto classificam, é importante notar também suas reações, linguagem corporal e processos de pensamento. Isso oferece uma oportunidade aos observadores de obter uma visão mais clara sobre os motivos que levam os usuários a fazerem suas escolhas.
Para colocar o método em prática, você pode usar cartões reais, post-its ou alguma ferramenta online — falaremos um pouco sobre elas no final do artigo.
Modelos de Card Sorting: escolha o melhor formato para a sua necessidade
Para pôr em prática o Card Sorting é necessário criar um conjunto de cartões, cada um representando um conceito ou item, para então pedir aos usuários que agrupem os cartões da forma que acharem mais adequada.
Basicamente, as variações para aplicar o Card Sorting envolvem três aspectos: se são os próprios usuários que terão liberdade em nomear as categorias, se há um facilitador moderando a sessão e se o estudo é realizado em papel ou em uma ferramenta digital.
- Open Card Sorting: usuários criam as categorias.
- Closed Card Sorting: as categorias já estão nomeadas.
- Híbrido: as categorias já estão definidas mas participantes têm a liberdade de criar novas.
- Remote: ao invés de cartões físicos é usado um software.
Open Card Sorting — Modelo aberto
Quando se fala em Card Sorting, este é o modelo tradicional. Aqui, cada participante recebe uma pilha de cartões para então agrupá-los da maneira que acharem mais adequada.
Em seguida, eles criam rótulos para os grupos que escolheram, ou seja, os usuários também ficam encarregados de nomear cada categoria.
Esse método é usado tanto para uma nova ou já existente Arquitetura da Informação e também para organizar produtos em um site.
Por exemplo: banana e maçã pertencem a mesma categoria, a esse conjunto daremos o nome (rótulo) de Frutas.
Closed Card Storting — Modelo fechado
Nesse modelo, o próprio time de UX é quem cria os rótulos para cada categoria/grupo. Assim, os usuários recebem as categorias já nomeadas e só precisam colocar cada cartão na categoria/grupo que acharem melhor.
Esse formato é geralmente usado quando há novo conteúdo para adicionar em um website já existente ou para gerar novos insights após uma rodada de Card Sorting no modelo aberto.
Desvantagem: tenha em mente que no modelo fechado, o Card Sorting não revela como os usuários rotulam uma categoria, ou seja, um conjunto de cartões/tópicos.
Dessa forma, o formato é usado para avaliar se as categorias pré-definidas pelo time estão alinhadas com o conteúdo, conforme a perspectiva dos usuários.
Hybrid Card Sorting — modelo Híbrido
Conforme o próprio nome sugere, esse tipo de classificação usa os dois modelos: aberto e fechado.
Nesse formato os participantes podem organizar os cartões em categorias pré-definidas, mas também têm liberdade para criarem suas próprias categorias.
O modelo híbrido é indicado quando:
- o time de UX deseja melhorar sua atual estrutura de classificação;
- para gerar ideias sobre como agrupar tópicos;
- quando o time de UX sabe que possuem categorias ausentes em sua atual estrutura de categorias.
Assim, o time de UX ou pesquisadores podem obter insights sobre categorias ausentes, onde essas descobertas podem ajudar a esclarecer as decisões de design.
Remoto
Nem sempre é possível aplicar o Card Sorting presencialmente, especialmente durante e após a pandemia, onde o trabalho remoto vem ganhando cada vez mais espaço.
Na sessão remota, os usuários classificarão os cartões de forma independente por um software online, em seu próprio computador.
Um ponto positivo é que as ferramentas online fornecem também várias maneiras de analisar os dados.
Desvantagem: por não haver um contato direto com o usuário, não há como entender o que levou o usuário a organizar os cartões de uma determinada maneira.
Passo a Passo!
Primeiramente, você deve escolher os tópicos a serem testados, lembrando que eles devem estar no mesmo nível hierárquico (saiba mais sobre Hierarquia Visual aqui).
Para os cartões, você pode usar cartões físicos (pedaços de papel) ou uma ferramenta online, como Optimal Workshop ou Userzoom.
1) Crie um documento e os cartões
Crie uma planilha listando e enumerando todos os itens que serão testados. Esses itens podem ser páginas do site, categorias de produtos ou rótulos em uma taxonomia.
Cada item desta lista é escrito em um único cartão, com o número correspondente escrito no verso. Essa numeração ajudará se você quiser executar análises mais avançadas depois que as sessões forem concluídas.
Dica: evite tópicos que contenham as mesmas palavras; os participantes tenderão a agrupar esses cartões.
2) Participantes organizam os cartões
Embaralhe e entregue os cartões ao participante. Peça ao usuário para olhar cada cartão e colocar as cartas que "pertencem juntas" na mesma pilha.
Se o participante não tiver certeza sobre um cartão, ou não souber o que ele significa, não há problema em deixá-lo de lado. É melhor ter um conjunto de cartas “desconhecidas” ou “indecisas” do que agrupar cartas aleatoriamente.
Importante: não há um número pré-definido de pilhas. Alguns usuários podem criar várias pilhas pequenas, outros podem acabar com poucas e maiores. Tudo depende do modelo mental de cada um.
Explique aos participantes de que não há problema em mudar de ideia enquanto trabalham: eles podem mover uma carta de uma pilha para outra, mesclar duas pilhas, dividir uma pilha em várias novas pilhas e assim por diante.
3) Participantes nomeiam os grupos
Quando os participantes terminarem de agrupar todos os cartões, entregue novos cartões em branco para escreverem um nome para cada grupo criado (nomeando cada pilha de cartas).
Você pode obter algumas ideias para categorias de navegação, mas não espere que os participantes criem rótulos eficazes.
4) Questione os participantes
Esta etapa é opcional, mas altamente recomendada: peça aos usuários que expliquem a lógica por trás dos grupos que criaram. Faça perguntas como:
- Algum item foi especialmente fácil ou difícil de organizar?
- Algum item parecia pertencer a dois ou mais grupos?
- O que você pensa sobre os itens deixados sem classificação (se houver)?
Você também pode pedir ao usuário que Pense em Voz Alta enquanto realiza a classificação. Isso fornece informações mais detalhadas, mas também leva tempo para analisar.
Por exemplo, você pode ouvir o participante dizer: “Vou colocar o cartão Tomates na pilha de Legumes. Opa, mas é uma fruta. Acho que Frutas é uma combinação melhor.”
Esse tipo de afirmação permitiria que você concluísse que o usuário considerava Vegetais uma boa combinação para Tomates, embora Frutas fosse ainda melhor. Esta informação pode levá-lo a fazer crosslinking de Legumes para Frutas ou ainda, atribuir o item a Legumes se esse padrão se mostrar presente com outros usuários.
5) Se necessário, peça ao usuário tamanhos de grupo mais práticos
Você não deve impor seus próprios desejos ou preconceitos ao participante durante as primeiras etapas, mas após o agrupamento preferido do usuário e da entrevista qualitativa, você pode pedir ao participante que separe grandes grupos em subgrupos menores. Ou o contrário: agrupar pequenos grupos em categorias maiores.
6) Repita com 15 usuários
Você precisará de um número mínimo de usuários para detectar padrões nos modelos mentais dos usuários.
O NN/g recomenda 15 participantes para classificação de cartões: com mais, você pode obter retornos menos valiosos para cada usuário adicional; com menos, você não terá dados suficientes para revelar padrões nos esquemas de organização.
7) Analise os dados
Depois de ter todos os dados, procure grupos comuns, nomes de categorias ou temas e itens que foram emparelhados com frequência.
Se você perceber que alguns itens foram deixados de lado com frequência, veja se é porque os rótulos dos cartões não estavam claros ou se o conteúdo parecia não ter relação com o restante dos tópicos.
Agora sim: combine os padrões identificados aos insights qualitativos gerados da entrevista com o participante e você conseguirá entender melhor qual sistema de organização será mais bem-sucedido para seu público-alvo.
Ferramentas úteis
Existem várias ferramentas de software online disponíveis no mercado que permitem configurar e distribuir para quantos usuários você precisar para o teste. Confirma algumas:
Optimal Workshop: software para modelos fechados e abertos. Possui opção de recrutar participantes online, além de uma variedade de perguntas de pesquisa adicionais;
UserZoom: também permite Card Sorting fechado, aberto e recrutamento de participantes. A aparência pode ser personalizável.
UsabilityTools: você pode criar Card Sorting junto com perguntas de pesquisa, testes de captura de tela ou testes baseados em cenários. Ótima para visualizar dados, painel de recrutamento incluído.