Se você está em busca de uma solução inovadora e disruptiva, Design Thinking pode ser exatamente o que você procura.
Design Thinking é uma abordagem que abre o caminho para a inovação porque nos ajuda a desenvolver empatia para com o usuário, antes de tentar solucionar um problema.
Outro ponto importante, é que o processo questiona o problema pré-definido e não fecha rapidamente em uma solução, promovendo a exploração de diversas hipóteses antes de chegar num protótipo. E é exatamente nessa exploração e divergência que nascem as melhores ideias.
Entenda o que é Design Thinking, conheça os principais modelos e saiba como aplicar essa metodologia para garantir melhores entregas e produtos. Aproveita a leitura!
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Afinal, o que é Design Thinking?
Antes de entrar no conceito de Design Thinking, convido você a refletir sobre o significado de iteratividade.
Um processo iterativo significa revisar e 'calibrar' um projeto de forma contínua. Dessa forma, o progresso de uma entrega iterativa acontece através de um refinamento constante de um produto ou projeto.
Dito isto, o Design Thinking é um conjunto de processos e ferramentas aplicados de forma iterativa para resolver problemas de forma inovadora.
Como isso é feito? Conhecendo o usuário a fundo, reconhecendo padrões, criando empatia e gerando insights para desvendar ou reformular um problema, e explorar hipóteses para solucioná-lo.
O Design Thinking também promove o uso de ferramentas criativas por qualquer pessoa, não apenas por designers ou empresas de tecnologia.
Assim, a grande virada dessa abordagem é que além de inclusiva, pode ser aplicada em qualquer negócio ou situação, independente de sua área ou formação.
Lembre-se: o Design Thinking é um processo iterativo e exploratório. As etapas podem ocorrer simultaneamente, e devem ser vistas mais como atividades que se sobrepõem do que passos ordenados.
O processo não é apenas centrado no ser humano; é profundamente humano por si só. O Design Thinking depende de nossa capacidade de ser intuitivo, de reconhecer padrões, de construir ideias que tenham significado emocional e funcional, de nos expressar em outras mídias que não palavras ou símbolos. Ninguém quer administrar uma empresa com base em sentimento, intuição e inspiração, ao mesmo tempo que confiar apenas no racional e no analítico pode ser igualmente perigoso. Design Thinking integrado ao centro do processo de design sugere uma terceira opção. Tim Brown
Grandes mentes por trás do Design Thinking
Apesar da aplicação do Design Thinking como metodologia ou mentalidade ser algo relativamente novo, o método científico vem sendo discutido há algumas décadas por cientistas e pesquisadores.
Richard Buchanan foi um dos primeiros a abordar o termo 'Design Thinking' ao publicar o famoso artigo Wicked Problems in Design Thinking (Problemas Complexos em Design Thinking) que apresenta as características de 'Problemas Complexos' e como eles interagem com o pensamento de Design.
O mais legal foi que Buchanan se referiu a Design de uma forma que abrangesse a todos, e não só profissionais do meio acadêmico. Assim, ele elevou o tema a todos que praticassem o Design de alguma forma em suas rotinas para resolver problemas cada vez mais complexos.
A maioria das pessoas continua a pensar na tecnologia em termos de produto e não em sua forma como uma disciplina de pensamento sistemático. Richard Buchanan
O cientista cognitivo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Herbert Simon já falava sobre prototipagem rápida e testes por observação na década de 70. Você verá ao longo desse artigo que esses tópicos são temas centrais do Design Thinking.
O trabalho de Herbert focava no desenvolvimento de Inteligência Artificial e na possibilidade de sintetizar as formas humanas de pensamento.
Outro grande contribuinte para o que conhecemos hoje como Design Thinking foi Robert H. McKim, que concentrou seus estudos no impacto que o Visual Thinking tem em nossa compreensão das coisas e em nossa capacidade de resolver problemas.
O livro de McKim revela vários aspectos do Visual Thinking e métodos de Design para resolver problemas de uma forma mais holística. As ideias expostas no livro sustentam a metodologia de Design Thinking.
IDEO
O processo de Design Thinking ganhou notoriedade com David Kelley, professor da Universidade de Stanford e Tim Brown, autor do livro Change by Design. Juntos, eles fundaram a consultoria de inovação IDEO, que foi a principal disseminadora do método.
Brown foi também responsável por apresentar o processo de Design Thinking na Harvard Business Review em 2008, que acabou repercutindo pelo mundo todo e colocou essa abordagem sob os holofotes da indústria tech.
Segundo a IDEO, o processo de Design Thinking deve reunir o que é desejável do ponto de vista do consumidor com o que é tecnologicamente possível e economicamente viável do ponto de vista do negócio. E é na intersecção desses três fatores onde encontramos as soluções e a inovação.
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O que você pode ganhar com isso?
O foco central do Design Thinking é o interesse genuíno em compreender o usuário antes de desenvolver um produto ou serviço.
Esse exercício de nos colocarmos nos sapatos de outra pessoa, promove uma cultura de empatia que pode trazer muitos frutos para uma empresa ou equipe.
Compilamos abaixo os principais benefícios que o processo pode trazer quando aplicado de forma eficaz:
1) Entrega valor para o usuário
Como a preocupação central do Design Thinking é entender as dores e necessidades do usuário, o resultado final vai ser uma solução real e de valor para ele. Ás vezes pode ser uma simplificação de uma jornada complexa.
2) Clarifica o valor emocional que você tem a oferecer
É importante lembrar do valor que a empresa, o produto ou o serviço tem a oferecer ao consumidor final. O tempo é um dos bens mais valiosos para as pessoas, compreender como o design pode acelerar a capacidade do cliente de fazer escolhas ou tomar decisões é de grande valor.
3) Mudar a cultura organizacional
Pessoas resistem a mudanças quando não se sentem envolvidas ou não participaram de sua formulação. Como as práticas de Design Thinking devem ser totalmente colaborativas, mesmo que sua sugestão não avance, você sabe que foi ouvido e levado em consideração a tal ponto que o resultado final seja entendido por todos como o melhor a ser feito. É como se todos chegasse juntos a mesma conclusão.
4) Pensar fora da caixa
Explora possibilidades e hipóteses ao questionar o problema real dos usuários e em como resolvê-los com inovação.
5) Equipes multidisciplinares
Como o processo é inclusivo, acaba envolvendo pessoas de diferentes departamentos, e essa variedade de perspectivas traz insights mais ricos. A multidisciplinaridade também ajuda a unificar a linguagem entre diversas áreas dentro de uma organização, ou seja, faz com que todos falem a mesma língua.
6) Promove o respeito e a empatia
Quando departamentos diferentes trabalham juntos em um projeto, é mais fácil de enxergar as dificuldades de cada área, isso promove respeito e entendimento das habilidades de cada um, gerando empatia e valor para a organização.
7) Melhora o diálogo entre colaboradores
Todos saem ganhando. Se o processo é inclusivo e multidisciplinar, o diálogo entre membros da equipe será muito maior, resultando num melhor desempenho e aumento de produtividade.
8) Um ótimo catalisador para mudanças e evolução
A abordagem incentiva a pluralidade e formas de pensar pouco convencionais para encontrar soluções criativas. De certa forma, estamos sendo constantemente "empurrados" para fora da nossa zona de conforto ao aplicar o processo de Design Thinking.
9) Promove o espírito de colaboração entre os membros da equipe
Incentiva o trabalho em equipe de forma colaborativa e multidisciplinar para aproveitar as diferentes habilidades, personalidades e perspectivas de todos os envolvidos e resolver problemas complexos de forma mais holística.
10) Cria um espaço seguro para compartilhamento de ideias
Ao promover a colaboração entre equipes multidisciplinares, o Design Thinking convida e incentiva estilos de pensamentos que divergem entre si para explorar o maior número possível de hipóteses sem julgamentos. Isso ajuda a criar um ambiente seguro para o compartilhamento de ideias e perspectivas diferentes.
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Pilares do Design Thinking
Os passos para implementação dessa abordagem não serão sempre iguais, pois, como era de se esperar, um processo criativo não deve ser engessado, mas fluído e flexível.
Dessa forma, a aplicação de Design Thinking não é uma receita de bolo e sua estrutura irá variar conforme a empresa, o produto, o problema ou as pessoas.
Entretanto, você sempre pode contar com os 3 pilares abaixo, em qualquer variedade de aplicação de Design Thinking.
- Empatia: pesquisar o usuário afim de conhecer suas dores e necessidade;
- Colaboração: muito diálogo e colaboração entre os membros da equipe;
- Experimentações: explorar hipóteses e soluções, prototipar e testar.
Design Thinking: Principais Modelos
Conforme mencionado acima, não há um consenso sobre a quantidade de fases do Design Thinking.
Dessa forma, cada processo de Design pode contar algumas variações em relação ao número de fases ou ferramentas aplicadas.
Outra fator importante a ser considerado, é que a indústria tecnológica está evoluindo constantemente, e o processo de Design Thinking também.
Por isso, é comum empresas mudarem e adaptarem seus processos de Design. Note, entretanto, que a estrutura principal permanece: pesquisar, gerar ideias, prototipar e testar, sempre com foco no usuário e suas necessidades.
Lembre-se: É o processo de Design que põe em ação o Design Thinking.
Confira abaixo, os principais modelos de Design Thinking:
D.school (Universidade de Design de Stanford)
O método da d.school é um dos mais difundidos hoje em dia, eles lançaram um workbook para guiar facilitadores no processo de Design Thinking de acordo com o modelo da Stanford.
O workbook é uma iteração do icônico “Wallet Project”, e oferece uma atividade imersiva destinada a envolver os participantes num ciclo completo de Design Thinking no menor tempo possível.
A atividade dá aos facilitadores a oportunidade de tocar no valores fundamentais da d.school: design centrado no ser humano, ação e uma cultura de iteração e prototipagem rápida.
O processo da D. School é composto por 5 etapas:
- Criar empatia: pesquisar e observar o consumidor;
- Definir: analisar os insights gerados e definir o problema (problem statement);
- Idear: investigar maneiras de solucionar o problema;
- Prototipar: é hora de construir o protótipo, não esqueça -> se falhar, falhe com o mínimo esforço;
- Testar: validar a idéia, é hora de testar com os usuários e obter feedback.
Principais Ferramentas
As ferramentas ou métodos mais usados durante o processo são:
- Mapa de Empatia;
- Mapa de Jornada do Usuário;
- Personas;
- How Might We (como podemos);
- Point of View (ponto de vista) ou Problem Statement (definição de problema).
IDEO (método tradicional)
A IDEO, que sempre foi defensora número 1 da abordagem, também lançou um workbook — Design Thinking for Educators — com seu famoso processo de Design detalhado em 5 etapas:
- Descoberta: tenho um desafio, como começar? Entenda o desafio, prepare a pesquisa, colete inspiração.
- Interpretação: aprendi algo, como interpretar? Storytelling, busque significado, encontre oportunidades.
- Ideação: vejo uma oportunidade, o que criar? Geração e refinamento de idéias.
- Experimentação: tenho uma ideia, como desenvolvê-la? Faça os protótipos e colete feedback.
- Evolução: tentei algo novo, como evoluir? Monitore aprendizados e avance de acordo.
IDEO (método adaptado)
Com o passar dos anos porém, a empresa foi refinando o processo e resumiu-o em 3 grandes etapas.
A IDEO vem enfatizando a importância do Design voltado para o ser humano (human centered design) e disponibiliza vários materiais interessantes em seu site, incluindo um Guia facilitador para a abordagem.
Segundo a empresa, Human Centered Design é o ponto de intersecção entre empatia e criatividade.
Dessa forma, o modelo foca no lado 'humano' possuindo características da estrutura do Human-Centered-Design e é orientado para problemas sociais de alto impacto, seguindo 5 princípios:
- Aprender com os erros;
- Confiança criativa;
- Mão na massa;
- Iterar;
- Otimismo.
Assim, o processo de Design adaptado da IDEO possui 3 atividades principais:
- Inspirar: compreender o usuário e seus problemas, obter percepções através da observação e da empatia.
- Idear: possíveis soluções para o problema em questão, as melhores ideias são avaliadas através de protótipos que deverão ser testados por usuários reais. O teste dará feedback sobre o que funciona e o que não funciona, para assim, aprimorar as soluções. A cada iteração, o time terá a oportunidade de testar novas hipóteses e obter novas percepções e ideias de soluções para o usuário.
- Implementar: transformar as premissas validadas na etapa anterior em planos de ação concreto. Modelos de negócios e mecanismos são criados para mensurar o impacto da solução no contexto da organização.
Principais Ferramentas
As ferramentas mais usadas para pesquisar e observar o usuário na fase de Inspiração (inspiration) são:
- Entrevistas;
- Shadowing;
- Personas;
- Mapa de Jornada do Usuário.
Dica de ouro
A IDEO também disponibiliza o Design Kit com várias ferramentas e métodos que podem te ajudar durante cada etapa do processo, seja qual for seu desafio. Você pode inclusive filtrar a busca por etapa (method) — inspiration, ideation, implementation.
IBM Enterprise Design Thinking
O líder global da IBM Paul Papas, disse num artigo a Business Insider que eles adaptaram o modelo da d.school para uma metodologia que eles chamam de IBM Design Thinking.
A metodologia conta com 3 princípios, 3 atividades e 3 pontos-chaves.
Os princípios são: foco no propósito do usuário, equipes multidisciplinares e aprimoração contínua.
Loop
As 3 atividades, ou o processo de Design que a IBM chama de Loop são:
- Observar: conhecer e observar o usuário no seu contexto;
- Refletir: sintetizar ideias, compartilhar o que os membros da equipe estão pensando e alinhar PoV (ponto de vista). Perguntas importantes a se fazer nesta etapa: Qual a nossa realidade? Nós estamos alinhados? O que estamos fazendo? Qual o nosso plano?
- Fazer: execução de ideias e protótipos.
Keys
Outro ponto-chave do processo da IBM, são as práticas chamadas de Keys:
- Playbacks: diálogos frequentes e abertos onde, durante 10 minutos, conceitos e ideias são refletidos e criticados de forma construtiva. As perguntas típicas são: “O que aprendemos?” e “Qual é a nossa próxima melhor jogada?”. Além desses playbacks, são realizadas as 'sessões de marcos' (milestone playbacks) envolvendo a alta administração. Isso ajuda a expandir a cultura de feedback construtivo para além da equipe principal e cria alinhamento com os patrocinadores do projeto.
- Hills: são declarações de intenção, uma frase clara que permita ao time olhar (do ponto de vista do usuário) para a mesma direção e que identifique como proporcionar uma experiência que entregue ao usuário o que ele precisa e que supere suas expectativas (efeito WoW!) Similar a uma Definição de Problema (Problem Statement ou Point Of View), uma Hill enquadra um problema como um resultado pretendido para o usuário.
- Sponsor Users: os 'usuários patrocinadores' geralmente são clientes potenciais ou reais, envolvidos no projeto para gastar de 10 a 50 horas para co-projetar com equipes da IBM ao longo de uma versão ou projeto. Eles são adicionados à equipe, pois não apenas representam o problema, mas também podem ajudar na validação de soluções e complementar a pesquisa de campo e as personas da equipe com seus insights.
Design Council (UK)
Desenvolvida em 2005 pelo Design Council, o Double Diamond é uma estrutura amplamente conhecida na área de UX.
Você pode utilizar o Double Diamond para abordar problemas e soluções usando 2 tipos de pensamentos:
- Pensamento Divergente: trata de expandir seus horizontes, manter a mente aberta, explorar e considerar todas as hipóteses.
- Pensamento Convergente: trata de agrupar as informações coletadas, trazendo de volta o foco necessário para fechar em um ou dois problemas e soluções-chave.
Assim, no processo de abrir para exploração e fechar em um problema ou solução, as etapas do método acabam formando um diamante duplo, sustentado por 4 fases distintas:
- Descoberta: descobrir insights do problema real, aqui é praticado o pensamento divergente para conhecer e observar o usuário, as informações coletadas ajudarão no processo de construção de empatia.
- Definição: definir a área do foco principal e converger as informações para redefinir a hipótese/problema.
- Desenvolvimento: é hora de divergir novamente e desenvolver possíveis soluções;
- Entrega: reunir as ideias do passo anterior e convergi-las no que consideramos ser entregável para solucionar o problema. Prototipar as soluções encontradas, testar e coletar feedbacks para iterar e iniciar um novo ciclo, com base nas informações levantadas.
Principais Ferramentas
Na fase de Descoberta você pode utilizar as seguintes ferramentas:
- Pesquisa de Mercado;
- Entrevistas com usuários;
- Shadowing;
- Análise de dados do Google;
- Business Inteligence;
- Mapa de Empatia;
- Mapa de Jornada do Usuário.
Ferramentas usadas na fase de Definição:
- Matriz CSD;
- How Might We (como podemos);
- Pontos Positivos;
- Mapeamento de Dores do Usuário.
Consideração Finais
Tenha em mente que em todos os modelos, você vai entender o que funciona e o que não funciona ao observar seu protótipo em funcionamento.
A partir disso, você poderá ajustar o produto ou serviço, sempre melhorando e aperfeiçoando-o com base no feedback de usuários reais.
Se você gostaria de saber mais, não deixe de pesquisar sobre as ferramentas e guias mencionados ao longo do artigo!