De acordo com Juliana, o principal fator que estimulou a mudança de área foi o desejo de participar mais ativamente dos processos de descobertas e decisão dos projetos. Confira como foi sua jornada e dicas que ela dá para quem também quer migrar de área.
Juliana, qual era seu background antes de migrar para o Product Design
Eu me formei em Desenho Industrial, quando o curso ainda tinha esse nome, em 2013. No meu segundo período da faculdade eu consegui um estágio em uma agência pequena, então acabava fazendo de tudo um pouco, mas com foco em UI - na época, chamava Programação Visual.
Eu tive a sorte de ter bons chefes, então sempre consegui aprender muito em todas as minhas experiências. Acabei caindo em Motion porque os outros membros das minhas equipes não queriam fazer, então sobrava para mim.
Com meu background de flash, trabalhei remotamente para uma startup de São Paulo no final de 2016. Foi nessa época que meu olho brilhou para a área de produto. Quando eu precisava viajar para reuniões presenciais, via o atendimento de perto, as dificuldades e dores dos usuários e como a equipe trabalhava para resolver esses problemas.
Como Motion Designer, eu me sentia como uma engrenagem numa máquina - eu executava muito, mas não participava do processo criativo. Isso foi me incomodando cada vez mais e eu decidi que queria realmente migrar de área.
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Quais foram os passos iniciais que você deu para migrar para UX Design?
Nesse momento eu sabia que queria mudar, mas não sabia exatamente como e para o quê. Comecei a participar de alguns workshops de UX e UI para entender um pouco mais sobre as áreas e o que faz um UX Designer.
Depois de pouco tempo, soube que queria ir para UX/UI e passei a procurar formas de me especializar. Peguei vários materiais para estudar, participei de mais workshops, criei um círculo de contatos dessa área e entrei em uma pós-graduação muito voltada para UX e acabei sentindo falta do UI.
Foi então que eu encontrei o Bootcamp Master Interface Design (MID), por meio de pessoas que fizeram o curso e conseguiram uma vaga na área. Eu assistia as entrevistas, ia atrás dos portfólios dos alunos e achava incrível.
A partir do momento que decidi que queria mudar, fui atrás de fazer isso acontecer.
Como foi ter que aprender muitas coisas novas, montar um portfólio e aplicar para vagas em UX?
Quando eu sai da startup, no meio de 2017, comecei a estudar UX/UI Design. Era início de 2018, quando fui nos primeiros workshops.
Eu até cheguei a comentar na comunidade do MID que sofri da síndrome do impostor, porque nunca achava que estava pronta - sempre tinha algo para melhorar e um detalhe para ajustar.
Nesse sentido, o MID me ajudou muito. De tanto assistir apresentações e aplicar para vagas, além de todo o processo de muita discussão com a comunidade e com pessoas da minha pós-graduação, consegui melhorar minha confiança em Product Design.
Acho que uma coisa muito bacana da nossa área é que não só tem muita oferta como tem muita gente disposta a ajudar.
Com a internet, conseguimos encontrar facilmente pessoas na mesma situação que a nossa para trocar experiências. Inclusive, todas as pessoas com quem entrei em contato foram muito solícitas, tanto para tirar dúvidas quanto para trocar conhecimento mesmo.
Algo muito interessante que tivemos no MID foi virarmos parceiros de outros alunos do Bootcamp, isto é, ter alguém para discutirmos sobre nossas dúvidas, dificuldades e desenvolvimento de projetos. É muito bacana termos acesso a pessoas que estão fazendo a mesma coisa que a gente, ou pelo menos o que queremos fazer. Isso ajuda bastante a construir confiança no seu próprio portfólio.
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Como foi o processo para conseguir sua primeira vaga em Product Design?
A primeira coisa que eu fiz foi estabelecer uma meta de conseguir trabalho em Product Design no começo de 2019. Assinei o LinkedIn Premium e algumas oportunidades foram surgindo, apliquei para vários lugares também, pensando na máxima do "o não eu já tenho".
Cheguei a fazer entrevista em várias empresas legais, até que em janeiro um recrutador da Juno, onde trabalho agora, me convidou para fazer parte do processo seletivo. Achei que seria ousado da minha parte, porque é uma empresa grande e com vários funcionários, mas topei o desafio. Não deu certo.
Na época, meu portfólio não estava muito estruturado ainda, mas não queria deixar que aquilo me impedisse de começar a participar de processos seletivos.
Continuei aplicando para outros lugares e novamente uma recrutadora da Juno me chamou para um novo processo. Fui chamada para a primeira entrevista e no final tinha um teste para fazer. Eu já sabia que isso é uma prática comum no mercado, apesar de polêmica, então fiz, até porque era uma etapa eliminatória.
Nesse meio tempo, conversamos bastante e eu fui muito sincera, falei que estava participando de outros processos e deixei claro que não tinha experiência prévia em Product Design. Eles curtiram e no mesmo dia, depois do teste, me falaram que iam me mandar uma proposta e acabei entrando como Pleno.
E o mais inesperado é que o dia em que comecei aqui, recebi uma proposta de outra empresa!
Como tem sido trabalhar com Product Design?
Eu tive a sorte de começar aqui na Juno em um projeto que ainda estava em fase de imersão, ou seja, no momento em que estávamos tentando entender a necessidade do usuário em usar aquele produto.
Então, minha primeira tarefa foi apresentar isso. Fiz pesquisas quantitativas e qualitativas de mercado, com ajuda de um pessoal que já estava aqui, para ter o máximo de informação possível. Nessa etapa, trabalhei bastante com alguns profissionais de Costumer Experience.
Eu entendo que ser Product Designer envolve fazer tanto a parte estratégica (pesquisas) quanto a parte de execução, quando você traduz o que descobriu em uma interface para o usuário final. Trabalhar em Product Design é algo que envolve o processo inteiro, do início ao fim, por isso pode ser um tanto desafiador, mas é muito legal também.
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O que você diria para você mesma quando pensou em migrar de área?
Acho que eu diria vai fundo. Meu único arrependimento foi não ter migrado para Product Design antes. Tenho amigos que estão em empresas muito legais e acho que acabei demorando para me interessar e mudar de hora.
Agora, eu estou evangelizando todos os amigos que eu posso para migrarem para UX/UI. Acho que na hora que a gente passa a ser parte pensante do todo, não tem como não se apaixonar para a área.
É trabalhoso mudar de área, tem entrar de cara, estudar bastante e ter muita motivação. Mas vai sem medo porque vai dar certo!