O Photoshop é um programa de edição de imagens, atualmente desenvolvido pela Adobe Systems, que se tornou extremamente popular não somente entre profissionais da área, mas também por amadores e até por quem não trabalha com fotografia ou design gráfico.
A popularidade do software aconteceu pela sua facilidade em efetuar edições em imagens em um momento onde esse tipo de trabalho era muito complexo e custoso.
Mas como foi exatamente a concepção do Photoshop? Qual foi o impacto da sua criação no mercado, nas artes e na sociedade?
Neste artigo, contamos um pouco da história do Photoshop e quais influências ele teve em diversos setores da sociedade.
A origem do Photoshop
Apesar do Photoshop estar debaixo do guarda-chuva da Adobe Systems atualmente, nem sempre foi assim.
A origem do software não foi exatamente pensada e calculada. Ela foi fruto de uma observação e identificação de oportunidade.
Thomas Knoll estava trabalhando em sua tese de doutorado, no final dos anos 80. Thomas era aluno da Universidade de Michigan e estava estudando sobre programas de edição de imagem e desenvolveu um código, chamado Display, que enxergava os tons de cinza das imagens em seu Mac com monitor bitmap monocromático.
No entanto, o código de Thomas não estava diretamente ligado à sua tese de doutorado e, dessa forma, foi deixado de lado pelo seu criador.
Foi seu irmão, John Knoll, na época supervisor de efeitos visuais, que enxergou o potencial do código escrito por Thomas.
John insistiu para que os dois irmãos trabalhassem juntos e desenvolvessem um programa para edição de imagens baseado nesse primeiro código criado por Thomas.
A partir desse trabalho em conjunto, o Display, em 1988, tornou-se o ImagePro e em seguida foi renomeado para Photoshop.
No mesmo ano, John levou o programa para o Vale do Silício e o apresentou para, entre outras pessoas, Russel Brown, o diretor de arte da Adobe.
O Photoshop impressionou tanto que logo em Setembro de 1988 a Adobe adquiriu os direitos de distribuição do software e deu continuidade com o seu desenvolvimento.
Em 1995, a Adobe comprou efetivamente o Photoshop dos irmãos Knoll por cerca de U$34,5 milhões.
A partir desse momento, o software de edição de imagens, que começou como um estudo de tese de doutorado, começou o seu caminho para ser um dos programas mais memoráveis da história.
Dica de Leitura: Photoshop - 5 Dicas Básicas Para Melhorar Seu Fluxo de Trabalho
Um Killer App
Quando a Adobe comprou os direitos de distribuição, em 1988, esperava-se que o Photoshop fosse vender apenas algumas centenas de cópias. O software, além de caro, exigia uma configuração mais avançada dos computadores da época.
No entanto, o que aconteceu foi uma surpresa positiva.
O sucesso do Photoshop foi tanto que ele incentivou inclusive a venda de computadores mais potentes que pudessem rodar o programa.
Esse feito transformou o Photoshop num dos primeiros Killer App existentes.
Killer App é um termo utilizado para softwares que se tornam tão essenciais para as pessoas que justifica a compra de um computador ou dispositivo exclusivamente para o seu uso.
A evolução das versões
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Com mais de 30 anos de idade, é natural que o Photoshop acumule diversas versões e melhorias em sua história.
Atualmente, o software está na sua 23ª versão (2022), dentre os seus novos recursos podemos listar:
- suporte para formatos WebP;
- suporte para novas câmeras e lentes;
- melhoria de filtros;
- mais facilidade para compartilhamentos.
Até chegar nesse nível, o Photoshop passou por diversas mudanças, acompanhando outras inovações tecnológicas como as câmeras digitais, smartphones e armazenamento em nuvem.
Além, é claro, de melhorar cada vez mais o processo de edição de imagens, adicionando recursos que facilitam o trabalho de profissionais de fotografia, design, marketing e diversos outros.
Como curiosidade, deixamos aqui os nomes das versões e os principais recursos de cada uma delas:
Projeto Beta (1990): muitas das ferramentas originais ainda permanecem no software, mas aperfeiçoadas.
Fast Eddy (1991): primeira versão compatível com o Windows e inclusão de recursos como caneta, máscaras e suporte para CMYK.
Tiger Moutain (1994): surgimento das camadas e guias de paletas.
Big Eletric Cat (1996): criação de suporte para macros e possibilidade de ajuste nas camadas.
Strange Cargo (1998/99): tornou-se possível desfazer ações, exportar para web e foram criados o laço magnético, gerenciamento de cores e edição de texto.
Venus in Furs (2000): introdução da ferramenta Liquify.
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Liquid Sky (2002): lançamento do plug-in Camera Raw e da ferramenta Healing Brush.
Dark Matter (2003): criação do Photoshop Creative Suit (CS), sombras, luzes, agrupamento de camadas e filtros.
Space Monkey (2005): introdução da imagem HDR, ajustes simultâneos nas camadas e ferramentas como red-eye-tool, vanishing point e smart sharpen.
Red Pill (2007): surgimento do console para ajuste de preto e branco, melhoria em diversas ferramentas.
Stonehenge (2008): edição de imagens 3D, rotação de tela e ajustes de Dodge e Burn.
White Rabbit (2010): criada a seleção inteligente, warp tool e gerenciamento de áreas de trabalho.
Superstition (2012): surgimento da detecção de rostos, paleta de cores mais avançadas e suporte para vídeos.
Creative Cloud (2014-): a Adobe lançou em 2014 o Creative Cloud e todos os seus softwares ganharam uma versão CC a partir de então. O Photoshop ganha atualizações constantes e aprimorando cada vez mais as ferramentas de edição.
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A primeira foto editada no Photoshop
No final dos anos 80 e início dos 90 não era tão fácil ter em mãos um foto digital. Hoje em dia, com os smartphones, podemos tirar foto de qualquer objeto a qualquer hora.
Nesse sentido, como que os irmãos Knoll poderiam demonstrar os recursos do seu recém criado Photoshop sem a facilidade das fotos digitais?
Por sorte, John Knoll possuía uma foto particular quando tiveram acesso a um scanner de mesa para poder digitalizar uma imagem e efetuar a demonstração de seu software.
A imagem era de sua namorada — hoje, esposa — em uma praia em Bora Bora.
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Pela coincidência e necessidade, essa se tornou a primeira foto editada no Photoshop e uma das mais vistas no mundo, na época.
Neste vídeo, John Knoll demonstra quais recursos demonstrava nas apresentações, utilizando a foto acima:
Dica de Leitura: Imagem Digital - Os Diferentes Tipos e Formatos
O impacto no mercado
Como comentamos no começo desse texto, o Photoshop se tornou o programa de edição de imagens mais conhecido no mundo todo, praticamente.
Mesmo quem não é da área, tem ideia de qual a finalidade do software e o que ele se propõe a fazer.
Por conta disso, ter conhecimentos em Photoshop se tornou um pré-requisito para determinadas profissões, como Designer Gráfico, por exemplo.
As empresas já esperam que profissionais saibam minimamente trabalhar com o software para poder editar, manipular e criar ilustrações, fotos, pôsteres, campanhas publicitárias e etc.
Profissionais de fotografia e publicidade e propaganda também são vistos com bons olhos se sabem como utilizar o Photoshop.
A demanda por essa Hard Skill fez com que surgissem diversos cursos livres sobre Photoshop. Não é difícil encontrar esse tipo de especialização, com certificação, na internet.
Além disso, a criação do Photoshop teve um efeito de incentivar o desenvolvimento de outros programas de edição mais baratos e simples. Hoje, existem diversos softwares de edição de imagens, tanto para desktop quanto para mobile, tanto para uso profissional quanto amador.
No entanto, a soberania do Photoshop se mantém intacta. Desde a sua criação, o software consolidou seu espaço e se fortaleceu como ferramenta essencial no mercado
Photoshop e as artes
É inegável que o Photoshop teve um grande impacto na área artística. A facilidade de edição e manipulação de imagens cria a oportunidade para criar artes conceituais para jogos e filmes, por exemplo.
Além disso, o software é bastante utilizado no cinema, em animações e claro, na fotografia.
A grandiosidade do Photoshop é tamanha que muitas vezes as pessoas podem cair no engano de achar que o programa substitui o artista, ou ainda que "artistas de verdade" não utilizam esse tipo de recurso tecnológico.
Mas na verdade, o Photoshop deve ser visto como uma ferramenta que auxilia a criatividade das pessoas, retirando obstáculos para que o trabalho flua melhor.
Em nenhum momento, esse software substitui a visão de artistas e a sua capacidade de criação. Talvez por isso seu impacto tenha sido tão grande, e ainda seja, no meio artístico.
Impactos na sociedade
Se por um lado o Photoshop teve impactos positivos em relação à criação e arte, por outro, ele proporcionou debates éticos profundos principalmente no mercado de moda e beleza.
Com os recursos do Photoshop é muito fácil manipular partes do corpo, alongar pernas, estreitar cinturas, aumentar os olhos e diminuir o nariz.
Esses artifícios provocaram grande impacto no conceito de beleza e na busca pelas pessoas pelo corpo perfeito, o que desencadeou diversos casos de depressão e outros tipos de doença como anorexia e bulimia.
O vídeo abaixo demonstra a facilidade da manipulação da beleza:
O uso indiscriminado e anti-ético ainda é pauta de grupos que pressionam as empresas e o mercado a pararem com esse tipo de manipulação. Muitas empresas já aderiram a práticas mais éticas, mas ainda há com que se preocupar quando o assunto são imagens e manipulação.
Fake News
Outro ponto de preocupação com relação à manipulação de imagens é a facilidade de criação de Fake News.
Com recursos do Photoshop também é possível editar imagens de políticos, celebridades e outras pessoas famosas para que criem fotos de situações que têm como objetivo manipular a população.
Como exemplo, podemos citar o caso do primeiro ministro italiano Sílvio Berlusconi. Na época, utilizaram a manipulação de imagens para "aumentar o público" que assistia o político. O intuito era fazer com que as pessoas pensassem que Sílvio tinha mais apoio do que realmente tinha, no momento da foto.
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Portanto, quanto mais avançados os recursos do Photoshop em questão de manipulação de imagens, também se faz necessário criar meios de identificar e parar a criação de imagens falsas, tanto para enaltecer um padrão de beleza impossível, quanto para manipular a opinião pública.
Talvez, hoje em dia, o grande desafio do Photoshop não seja mais a edição das imagens em si, mas como que as pessoas utilizam seus recursos. Se para bem, ou para mal.
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