Trabalhar com UX/UI Design significa, de forma abrangente, encontrar maneiras de desenvolver interfaces que permitam ao usuário uma melhor experiência.
A interface não deve proporcionar insegurança, estresse ou forçar alguma ação de maneira muito impositiva. Na verdade, a Jornada do Usuário deve ser tão fluida que ele deve navegar de forma intuitiva, quase que sem pensar.
Portanto, um dos papéis do UX/UI Designer é evitar que o usuário precise de um manual de instruções para interagir com sua interface.
Mas como garantir que nossa interface está sendo ou foi desenvolvida pensando nesses aspectos fluidos para o usuário, garantindo uma boa experiência?
Neste artigo, entenderemos um pouco sobre as Heurísticas de Nielsen e como elas podem ajudar a verificar a usabilidade da sua interface.
O que são as Heurísticas de Nielsen?
Em 1990, Jakob Nielsen e Rolf Molich propuseram 10 heurísticas que devem ser levadas em consideração no desenvolvimento de qualquer interface.
Nesse contexto, heurística significa uma regra geral — de bom senso — que tem como objetivo reduzir a carga cognitiva do usuário. Assim, permite-se que sua navegação, jornada e experiência sejam mais aprimoradas e menos cansativas.
Dizemos que as heurísticas de Nielsen são regras gerais porque não determinam diretrizes específicas de usabilidade ou do desenvolvimento de interfaces. Nesse sentido, as heurísticas estão mais associadas às observações e conhecimentos adquiridos pelos seus autores durante seus anos de experiência.
Portanto, as 10 heurísticas de Nielsen são:
- Visibilidade do status do sistema;
- Correspondência entre o sistema e o mundo real;
- Liberdade e controle do usuário;
- Consistência e padrões;
- Prevenção de erros;
- Reconhecer ao invés de lembrar;
- Flexibilidade e Eficiência;
- Estética e Design minimalista;
- Auxiliar usuários a reconhecer, diagnosticar e recuperar erros;
- Ajuda e Documentação.
Vamos nos aprofundar mais em cada uma delas!
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1) Visibilidade do status do sistema
A primeira das 10 heurísticas diz respeito a manter os usuários informados sobre o que acontece no momento da interação.
Nesse sentido, é importante que o sistema traga feedbacks instantâneos que servem para informar qual o status da interação, além de orientar e conduzir para os próximos passos.
O Youtube, por exemplo, disponibiliza uma barra lateral informando qual vídeo estamos vendo, quais já foram assistidos e quais são os próximos da lista.
2) Correspondência entre o sistema e o mundo real
As heurísticas tem como objetivo reduzir nossa carga cognitiva durante a interação com um produto.
Nesse sentido, uma premissa que retira bastante essa carga é o reconhecimento de objetos e ícones que nos são familiares.
A segunda heurística de Nielsen diz respeito a criar uma interface funcional e acessível que fale a linguagem do usuário. Ou seja, que utiliza palavras, frases e conceitos que sejam familiares ao usuário.
Para estabelecer essa comunicação, é possível utilizar ícones, por exemplo, que representam uma determinada ação. Como o símbolo de telefone nos smartphones que significa, geralmente, fazer ligações.
Uma interface com boa usabilidade segue convenções do mundo real, trazendo informações de maneira natural, lógica e familiar . Desse modo, todas as nomenclaturas, ícones e imagens precisam estar inseridas em um contexto e ser coerentes com o modelo mental do usuário.
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3) Liberdade e controle do usuário
O UI Designer nunca deve impor uma ação ao usuário ou tomar decisões por ele. Pelo contrário, deve-se apenas saber sugerir as ações sem pressionar ou induzi-lo.
É muito importante que o Designer de Interface dê liberdade para que o usuário possa decidir e tomar as ações que quiser — com exceção de regras que vão contra o sistema ou interferem em alguma funcionalidade.
No entanto, é preciso levar em consideração que o usuário pode tomar uma ação errada ou se arrepender da decisão que tomou. Por isso, é necessário pensar em funções como undo e redo para que o usuário consiga desfazer e refazer suas ações conforme suas necessidades.
4) Consistência e padrões
Essa heurística diz respeito a manter uma mesma linguagem durante toda a interface para não confundir o usuário.
Nesse sentido, durante a interação, os usuários não devem ter dúvidas sobre o significado das palavras, ícones ou símbolos utilizados.
Portanto, é fundamental que uma interface siga as convenções da plataforma, mantendo padrões de interação em diversos e diferenciados contextos.
O UX Designer deve criar uma interface que fale a mesma língua o tempo todo e trate coisas similares da mesma maneira. Assim, facilitará que o usuário identifique o padrão existente naquela interface.
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5) Prevenção de erros
Como já diria o famoso dito popular: é melhor previnir do que remediar.
Essa heurística de Nielsen propõe que a interface esteja apta a prevenir qualquer tipo de ação descuidada do usuário.
Pense em um botão de excluir arquivos, por exemplo. Devemos pensar que o usuário pode clicar nesse botão sem querer ou que ele imaginava uma função diferente para essa ação.
Dessa forma, para prevenirmos que o usuário se frustre ao ter os arquivos deletados, é importante criar uma mensagem de aviso da ação, para que haja a confirmação ou não da decisão.
6) Reconhecer ao invés de lembrar
Como visto, as heurísticas de Nielsen tem como objetivo reduzir a carga cognitiva dos usuários, e isso inclui também a sua capacidade de memorização.
É importante pensar em maneiras de deixar ícones e elementos de ação sempre visíveis e que as informações estejam presentes de forma fácil. Nós temos a tendência de ter mais facilidade em reconhecer do que lembrar de algo.
O usuário não deve ter que se lembrar de todas as ações ou funções da interface. Portanto, é importante sempre deixar à disposição pequenos lembretes das informações que podem ser úteis a ele.
7) Flexibilidade e eficiência
A interface desenvolvida precisa ser útil e atender tanto aos usuários inexperientes quanto aos experientes.
Os usuários inexperientes precisam de informações mais detalhadas. Mas conforme eles vão se aprimorando com o uso da interface, passam a utilizá-la de forma mais customizada, por exemplo, criando atalhos de teclado.
Dessa modo, é fundamental que o UI Designer permita que os usuários de sua interface personalizem ações frequentes, como atalhos de teclados e preenchimento automático de dados. Isso aprimora a eficiência e flexibilidade de uma interface.
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8) Estética e Design minimalista
O UI Designer não deve considerar estética e Design como um plus . Ambos fazem parte do todo que proporciona a experiência ao usuário.
O Designer Visual deve criar diálogos que contenham somente informações relevantes. Ou seja, evitar o uso desnecessário de elementos visuais que possam confundir o usuário. Cada unidade extra de informação em um diálogo compete com uma unidade de informação relevante e acaba por diminuir sua visibilidade.
9) Auxiliar usuários a reconhecer, diagnosticar e recuperar erros
A prevenção de erros do usuário é algo bastante importante dentro de uma interface.
No entanto, mais importante ainda é ajudar o usuário a identificar e encontrar soluções para os problemas e erros encontrados durante a interação.
As mensagens de erro devem ser expressas em uma linguagem simples; sem códigos, clara e que indique precisamente o problema e sugira uma solução.
10) Ajuda e documentação
A última das heurísticas de Nielsen diz respeito a inclusão de itens de auxílio para o usuário.
Apesar de todas as heurísticas listadas ajudarem a evitar erros e solicitação de ajuda por parte do usuário, é importante pensar em maneiras de auxiliá-lo a qualquer momento de sua interação.
Uma solução bastante popular são os FAQs, nos quais são compiladas as principais e mais frequentes dúvidas e suas respectivas soluções.
As avaliações heurísticas das interfaces
Apesar das 10 heurísticas de Nielsen serem utilizadas durante o desenvolvimento das interfaces, é bastante importante também efetuar uma avaliação posterior.
Nesse sentido, aplicar avaliações heurísticas na interface é importante para coletar informações referente à problemas de usabilidade e conseguir aperfeiçoar as interações e experiência do usuário.
Para efetuar as avaliações, é necessário que os especialistas testem o produto, identifiquem e listem todos os problemas encontrados na interface. Sempre levando em consideração cada uma das 10 heurísticas acima.
Comumente, mais de um profissional executa a avaliação heurística de uma interface e os resultados são avaliados, vindos de diferentes perspectivas.
No entanto, como a percepção de pontos negativos e positivos varia de pessoa para pessoa, convidar outros UI Designers para avaliar o protótipo pode proporcionar a entrega de um produto final de qualidade ainda maior.
Dessa forma, nos casos em que a avaliação heurística é feita por mais de um profissional, cada um deles deve inspecionar a interface individualmente e sem contato com os demais. Desse modo, é possível obter resultados independentes e imparciais, de forma a realmente agregar valor à interface desenvolvida.
Apesar de não fornecer uma maneira sistemática de encontrar e solucionar problemas de usabilidade, a avaliação heurística consegue explicar cada ponto encontrado e apontado. Muito mais do que somente enxergar, o UX Designer deve sempre buscar compreender e buscar a solução dos problemas que estão na sua frente.
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Conclusão
As heurísticas possuem uma grande importância para o UI Designer, auxiliando na elaboração de projetos de interfaces digitais. O ideal, em qualquer situação, é que o desenvolvimento de uma interface comece já com as heurísticas aplicadas, evitando assim ajustes caros e morosos no futuro.
Em um cenário de transformação digital, uma interface intuitiva que possua um Design minimalista e seja de fácil compreensão engaja os usuários tanto no mundo online quanto no mundo físico. Nesse sentido, a melhor forma de fazer isso é seguindo as 10 heurísticas de Nielsen e Molich . Desta forma, o Designer Visual cria interfaces com boa usabilidade e utilidade e que sejam convenientes para o usuário.