Nesta entrevista, conversamos com a aluna do MID, Clarissa Arca que migrou da moda para UX Design.
No bate-papo, Clarissa conta sua história e como fez para conseguir transitar de carreira em pouco tempo.
Além disso, ela fala qual seu maior aprendizado a partir das entrevistas de emprego que fez ao longo do caminho.
Confira esse papo e inspire-se!
Clarissa, obrigado pelo seu tempo. Por favor, conte um pouco sobre você
É um prazer estar aqui, compartilhando um pouco da minha experiência e jornada.
Meu nome é Clarissa, e venho do mercado de moda, onde trabalhei por 5 anos.
No meio dessa trajetória, acabei me desanimando com o setor de moda devido a tudo o que estava acontecendo e à rotina diária. Percebi que, a longo prazo, não era mais o que eu desejava.
Diante disso, comecei a repensar meus planos e até considerei abrir minha própria marca de moda, saindo do mercado e me tornando empreendedora.
Contudo, enquanto estudava várias matérias, como marketing, branding e marketing digital, me deparei com UX, algo que já tinha ouvido falar, mas não havia explorado a fundo. Decidi pesquisar mais sobre o tema e me interessei muito.
Essa descoberta fez com que eu mudasse de ideia novamente. Decidi não seguir adiante com a abertura da minha marca e, ao invés disso, comecei a me dedicar aos estudos de UX.
Quanto tempo levou entre conhecer UX, entrar no MID e se jogar nos estudos?
De 6 a 8 meses, mais ou menos.
Moda e UX são áreas bem diferentes. O que te levou a tomar a decisão de seguir uma carreira em UX?
Tive um estalo!
Desde muito nova, sempre fui uma pessoa interessada em coisas relacionadas a computadores. Era muito curiosa e vivia buscando formas de baixar séries e acessar informações.
Na área da moda, também adorava mexer no Photoshop e Illustrator, então já tinha esse viés. Porém, trabalhava como estilista, então não precisava tanto dessas habilidades no meu dia a dia, embora soubesse usá-las.
Com o UX, percebi que essas ferramentas poderiam ser úteis para as atividades que eu precisaria realizar, embora com funcionalidades diferentes. Foi aí que uma coisa foi levando à outra.
Percebi que, além da parte criativa, também tinha um interesse especial na parte relacionada aos produtos, análise e pesquisa. Aliás, essa é a parte que mais gosto na profissão.
Hoje posso dizer que me tornei uma pessoa muito analítica e cada vez mais aprecio essa vertente.
E assim, surgiu o momento de unir o criativo com essa parte estratégica, de produtos e tudo o mais. Foi um momento revelador!
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Como foi deixar a carreira em moda e seguir em UX? Deu medo?
Olha, não senti medo, mas eu queria saber se outras pessoas tinham feito o mesmo que eu.
Então, fui em busca de informações, pois, juntamente com essas mudanças, eu também desejava me mudar de cidade, de São Paulo para Florianópolis, onde existe um polo tecnológico.
Tudo aconteceu meio que ao mesmo tempo.
Eu sabia que em Florianópolis eu encontraria o ambiente que queria, e comecei a pesquisar pessoas que moravam lá. Acabei encontrando alguém que havia feito a transição da moda para a área de UX e já estava trabalhando com isso.
Eu estava muito interessada em entender como foi essa transição para ela, então a contatei pelo LinkedIn para conversarmos.
Além disso, também conversei com outros alunos da Aela que tinham passado pelo processo de mudar de carreira, saindo da moda para seguir em UX.
Essa era a ideia, encontrar e conversar com pessoas que haviam feito essa transição para a área de UX.
Como foi o início do seu processo de transição para UX Design?
Eu participei da semana do Workshop que você sempre realiza para entender mais sobre a profissão. Gostei bastante e logo me matriculei no MID!
Então, já estava tudo meio que decidido. Tinha conversado com algumas pessoas para ver se era possível efetuar essa mudança de área e tudo fez muito sentido para o que eu buscava em minha vida e carreira, além de estar alinhado com minhas habilidades.
Também dediquei bastante esforço ao autoconhecimento, trabalhando nisso em paralelo.
Segui bastante o que você falou sobre cronograma e tudo mais. Sou uma pessoa disciplinada, o que me facilitou bastante, pois gosto de me organizar.
Encarei tudo como um trabalho. Claro que tive a oportunidade de me concentrar inteiramente nos estudos, pois já havia saído do meu emprego anterior.
Tinha tempo livre para me dedicar, então fiz como se fosse um trabalho mesmo.
Teve algum momento que bateu um desespero? Pensou em voltar atrás?
Não, não houve arrependimento.
Nunca me arrependi dessa decisão, aliás, sou muito feliz por tê-la tomado. Acredito que sempre fui UX na vida, mesmo que não soubesse ou conhecesse a profissão na época.
Como sou designer, vejo que UX faz sentido pra mim, eu gosto disso!
Por esse motivo, não considero que tenha sido uma transição radical, mas sim uma mudança quase que lateral. Percebi que o conceito já estava dentro de mim. Eu sabia como fazer aquilo, mas, é claro, com ajustes para uma nova realidade.
Inclusive, consegui encaixar minha experiência anterior na moda dentro do Design Thinking. Foi uma maneira de entender melhor essa transição.
Essa abordagem foi muito útil para a minha primeira oportunidade de trabalho na área de UX, e até coloquei isso no meu portfólio.
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Você pode explicar um pouco mais sobre isso?
Sempre gostei de conversar com as pessoas para entender suas jornadas. Tive muitas conversas com outra aluna da Aela, que me falava bastante sobre storytelling.
Ela me incentivou a conectar minha história no mundo da moda com o universo de UX, e foi exatamente o que fiz.
Passei um bom tempo quebrando a cabeça para conseguir encaixar a metodologia do Design thinking na minha história. Basicamente, percebi que a criação da minha coleção de moda fazia sentido dentro do Design Thinking, pois havia uma imersão no processo até chegar ao desenvolvimento. Então, fui contando tudo isso.
Esse case foi, praticamente, o meu primeiro projeto, além do projeto do nível zero do MID.
Além disso, pedi ajuda a um amigo do LinkedIn que estava envolvido com mentoria e o mundo digital. Conversamos e ele me auxiliou com a parte de me posicionar no LinkedIn, que é um universo gigantesco, com muitas possibilidades de networking.
Paralelamente, ele sugeriu que eu participasse de voluntariados para adquirir experiência. E assim, uma coisa foi puxando a outra.
Consequentemente, entrei para o Ladies That UX aqui em Florianópolis, o que também foi uma decisão estratégica, já que estava me mudando para cá, e seria uma ótima maneira de conhecer mais pessoas.
As coisas foram se alinhando dessa forma, com os estudos e essas outras situações, que acabaram me impulsionando e motivando cada vez mais.
Quais foram os desafios que você enfrentou durante sua jornada para migrar para UX? Teve algum momento de mais dificuldade?
O nível zero do MID foi muito mais difícil para mim, porque era algo totalmente novo.
Em alguns momentos, eu ficava ansiosa, pois queria entrar rapidamente no mercado. No entanto, a quantidade de livros e material para estudar me deixava um pouco sobrecarregada, o que me levava a ter esses momentos de preocupação.
Acredito que controlar a ansiedade tenha sido o meu maior desafio, mas imagino que seja uma dificuldade comum para muitas pessoas.
Para lidar com isso, decidi parar de pensar que precisava ler todos os livros de uma vez. Foquei no próprio programa do curso e deixei a lista dos livros separada para ler depois.
Dessa forma, fui seguindo o curso do MID e priorizando o que realmente era necessário para ingressar no mercado. Sabia que precisava desenvolver um case, então comecei a trabalhar nisso.
Essa priorização foi a maneira que encontrei para tentar me acalmar e superar a ansiedade.
Logo que você terminou o nível zero, já arrumou seu portfólio e foi correr atrás de uma oportunidade?
Foi exatamente isso!
Durante o nível zero, eu já estava criando meu portfólio. Então, depois de concluir o nível zero, já tinha meu case de moda pronto, aquele que usei para fazer a conexão com UX.
Nesse período, comecei a realizar entrevistas, mesmo que fosse apenas para praticar e pegar experiência.
Isso ajudava a me tranquilizar, pois sentia que estava estudando e, ao mesmo tempo, participando ativamente de processos seletivos. Ver vagas disponíveis e enviar currículos também me dava uma sensação de movimento e progresso.
Consegui montar alguns cases, incluindo o case de moda, o case do MID e um case do voluntariado. Foi com base nessas experiências que conquistei a minha primeira oportunidade.
Depois, já trabalhando na área, quando concluí o nível 1 do curso, obtive minha segunda oportunidade de trabalho em UX.
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Em quanto tempo isso?
Foram 8 meses de estudo até a primeira oportunidade
Depois fiquei uns 3 meses nessa vaga e já engatei na segunda oportunidade.
Como foram as primeiras entrevistas? Rolou nervosismo?
Ah, sempre tem nervosismo! Até hoje!
Para enfrentar isso, sempre procuro me preparar bem para as entrevistas, utilizando alguns métodos para acalmar os nervos. Por exemplo, tomo um chá de camomila antes da entrevista, o que me ajuda a me sentir mais tranquila.
O que realmente ficou marcado para mim foi a importância de vincular minha história à mudança de carreira. Recebi elogios por isso em algumas ocasiões, o que me deixou muito satisfeita.
No início, durante as entrevistas, era comum me perguntarem por que eu desejava fazer essa transição de carreira. Por isso, percebi que é essencial ter uma clara definição em minha mente sobre essa mudança.
Acredito que foi uma ótima ideia incluir essa conexão entre a minha história e a transição de carreira no meu portfólio, pois assim consigo amarrar todas as informações de forma mais coesa.
Qual foi o maior aprendizado com as diversas entrevistas que você fez?
Aprendi que nem sempre se trata apenas do design ou de saber UX e dominar uma determinada ferramenta.
Às vezes, a comunicação e as soft skills também têm um papel fundamental, como a forma como nos expressamos, nosso comportamento e como transmitimos a mensagem.
O maior aprendizado para mim foi perceber a importância da comunicação efetiva, saber me expressar bem e manter a tranquilidade. Isso se mostrou mais crucial do que apenas conhecer conceitos e ferramentas, especialmente no início, quando eu tinha apenas conhecimentos teóricos.
Além disso, considero essencial compartilhar toda a experiência e aprendizado que adquiri, mesmo em outros mercados, e incorporá-los ao universo do UX.
E como foi começar na sua primeira oportunidade em UX?
Realmente, a insegurança pode ser um desafio.
No entanto, sempre tive uma postura muito transparente com quem me contratou, o que me trouxe tranquilidade. Em momentos de ansiedade ou pânico, eu me recordava dessa abordagem e isso me ajudava a acalmar.
A pessoa que me contratou também sempre foi muito compreensiva e receptiva, o que foi muito positivo para mim.
Quando me sentia mais ansiosa, eu optava por estudar ainda mais para adquirir o conhecimento necessário naquele momento. Agir dessa forma era o que me tranquilizava e me fazia sentir mais confiante.
Durante essa fase, eu utilizava muito o Figma, pois a oportunidade focava bastante em UI. Isso foi positivo, pois eu já dominava o Figma, o que me proporcionava maior conforto em comparação com conceitos de UX, que era mais novo para mim na época.
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Você falou que ficou pouco tempo nessa primeira oportunidade e já logo surgiu uma outra oportunidade. Como isso aconteceu?
Essa segunda oferta foi de uma empresa para a qual eu já tinha enviado meu currículo, mas que, naquela época, não havia dado certo.
Retomamos a conversa, e ela me apresentou a proposta da vaga, que fez muito sentido para mim. Era uma oportunidade mais voltada para a área de UX, exatamente o que eu estava buscando.
Até aquele momento, eu estava mais focada no UI.
Decidi aceitar a oferta, pois era uma oportunidade que eu realmente queria para mim. O salário oferecido era mais atrativo e a empresa tinha um porte maior, o que tornava essa mudança muito coerente.
O que você falaria pra Clarissa do passado, na época que ela ainda estava na dúvida sobre qual caminho seguir?
Diria que bom que você persistiu e seguiu em frente, apesar das ansiedades. Deu tudo certo e estamos bem felizes!
Também diria para ter calma, porque as coisas vão acontecer do jeito que você gostaria. É claro que ainda existem muitas coisas para conquistar, mas que bom que você persistiu!
Aonde você está investindo atenção e foco, hoje em dia?
Atualmente, estou muito focada na área de pesquisa, principalmente na primeira fase do processo do "primeiro diamante" (Double Diamond).
Nesta etapa, eu me concentro em pesquisa e síntese, buscando me organizar da melhor forma possível para criar conexões relevantes. É uma fase em que estou completamente dedicada.
Você quer se especializar em UX Research?
Na verdade, eu quero ser Product Designer mesmo.
Mas estou tentando focar nesses processos para me tornar uma profissional que conhece bem o end-to-end.
Que dica você daria para uma pessoa que quer trilhar o mesmo caminho que você, mudando de carreira para UX Design?
Inicialmente, eu aconselho a pessoa a entender claramente o que ela realmente deseja. Já tive pessoas, inclusive da área de moda, me questionando sobre isso. Então, o primeiro passo seria refletir sobre seus verdadeiros interesses e, a partir disso, traçar um plano para alcançar seus objetivos.
Se a pessoa tem interesse em UX, é fundamental estudar, pois essa transformação vai ocorrer gradualmente.
Sempre recomendo que as pessoas conversem o máximo possível com outras pessoas, pois essa troca de experiências é muito enriquecedora.
Além disso, fazer um curso é importante para se manter no caminho certo e garantir uma formação sólida.