Stefanía é nossa aluna do Bootcamp MID e sua história de migração para UX Design é bastante especial.
Nascida na Argentina, Stefanía morou praticamente toda a vida no Chile e tomou a decisão de se mudar para o Brasil.
Nesta entrevista, ela nos conta um pouco sobre as suas motivações de migrar para UX Design e como foi esse processo morando em um país diferente.
Não perca esse bate-papo muito inspirador!
Stefanía, conta um pouco sobre você!
Obrigada! Meu nome é Stefanía, eu não falo muito bem o português, mas vou fazer o melhor para que vocês consigam me entender!
Eu sou argentina, mas morei no Chile quase toda a minha vida; e agora estou morando aqui em São Paulo.
Sou formada em Administração de Empresas, tenho um Master em Marketing e ano passado decidi migrar para UX Design.
Eu já tinha bastante interesse nessa área e achava que essa mudança seria importante para mim, pela possibilidade de trabalhar numa área mais voltada para tecnologia, mais dedicada ao usuário.
O meu background é em consultoria e em inteligência de mercado, então eu já tinha certo contato com consumidores, mas ainda achava que faltava um pouco mais.
Então, eu tomei a decisão de fazer o MID, o que foi uma excelente ideia, e hoje estou trabalhando como Global UX Researcher na Gympass. Essa é uma posição remota e trabalho com pessoas do mundo todo, falando basicamente em inglês, o que está sendo uma experiência muito interessante também.
Em tempo: O que é o MID?
Você já tinha familiaridade com pesquisa e com a necessidade dos clientes. Por que você decidiu se jogar em UX Design?
Eu vejo a área de tecnologia como sendo a responsável por definir como que trabalhamos e vivemos hoje em dia. E eu sempre achei muito interessante trabalhar nessa área e fazer parte dessa mudança; de tentar fazer o máximo possível para que as pessoas possam migrar para essa nova forma de interagir umas com as outras e com os produtos.
Então, eu queria fazer essa migração e acreditava que era muito importante ter esse contato maior com os usuários.
Eu queria estar cada vez mais focada com o que acontecia fora das empresas, olhar mais para o usuário do que para dentro.
Acho que esse passo de migrar para UX foi importante porque estou convencida de que estou numa área onde meu objetivo é estar sempre olhando para fora.
País novo, idioma novo, pandemia. Como que foi todo esse processo de migração para UX?
Não foi fácil! Foi um ano muito intenso, com início da pandemia, novos estudos, novo idioma...
Quando cheguei em São Paulo, um dos meus objetivos era começar a falar português. Mas eu cheguei aqui em março de 2020, literalmente uma semana antes da pandemia explodir.
Por conta disso, fiquei fechada em casa, em quarentena e lockdown, e não consegui fazer um curso de português ou frequentar uma escola de idiomas.
Então, comecei a estudar de forma autodidata, assistindo vídeos no YouTube, tentando aprender o idioma.
Quando eu vi a oportunidade de fazer o MID na Aela, eu decidi tentar. Eu já tinha visto alguns vídeos no YouTube em português e eu conseguia entender.
Eu sei que o meu português não está tão bom, mas consigo entender o que se fala nos vídeos. Eu só não consigo acelerar a velocidade do vídeo, mas consigo entender tudo.
Nos projetos do MID, acabei fazendo tudo em inglês, porque eu tinha a intenção de ter uma exposição global e estar abertas às possibilidades. Você nunca sabe quando vai ter uma oportunidade de ir para fora, trabalhar remoto.
O inglês eu sei falar e é uma ferramenta muito importante. É a chave para poder trabalhar em outro país ou mesmo remoto.
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Teve alguma coisa que te ajudou a manter o foco nos estudos durante esse período?
Eu sou uma pessoa muito organizada e encarei os estudos como se fosse um trabalho normal de tempo integral, das 09h às 18h.
Estabeleci metas e objetivos, como "quero tentar fazer o nível 1 em tanto tempo".
Há vezes que precisamos ser mais flexíveis com relação aos nossos próprios processos, e tudo bem. Mas eu tentava ao máximo cumprir com as minhas metas e estar dentro dos prazos.
De maneira geral, acho que essa estrutura e organização me ajudaram bastante a conseguir focar nos estudos de UX Design.
Qual foi o seu maior desafio durante esse processo?
Eu acho que a dificuldade não estava nos estudos em si, mas na desconstrução mental para conseguir pensar de um jeito diferente.
Como falei, passei por diversas mudanças, de cidade, de idioma, de amigos, de trabalho, etc. Então, eu tive que trocar o meu mindset antigo para uma mentalidade mais aberta.
Hoje em dia, eu estou mais acostumada com isso, mas antes eu era uma pessoa muito quadrada e não tinha uma visão mais integrada e holística.
Acho muito importante estar disposta para coisas novas, essa mudança de mindset foi muito interessante.
Quando você decidiu buscar uma vaga em UX?
A minha ideia inicial era só buscar vaga em UX depois do nível 3, hoje eu estou no nível 2 do curso.
No entanto, quando comecei a avançar no MID, notei que eu gostava muito da parte de research. É algo muito semelhante ao que eu já fazia e gosto muito disso.
Então, pensei em tentar buscar vagas para ver o que acontece. Sem expectativas.
Consegui participar de alguns processos, mas acabei não conseguindo passar porque eu ainda era muito iniciante. Essa parte é frustrante, mas normal. Temos que seguir tentando.
Quando vi a vaga na qual estou agora, eu tinha zero expectativas porque era uma posição muito boa, em uma empresa muito legal, com bons valores e cultura.
Decidi me candidatar, mas sem criar expectativas e mantendo a calma.
Durante o processo eu sempre fui muito transparente com eles. Disse que tenho experiência em consultoria e inteligência de mercado, mas UX ainda era algo bem novo pra mim, mas que eu tinha muita vontade de aprender.
O processo foi avançando e fiquei muito feliz por ter conseguido essa vaga! Foi uma experiência muito boa!
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Quais foram os seus aprendizados durante os processos seletivos?
Acho que o mais importante foi como criar meu portfólio, e para isso eu usei os projetos do MID.
Eu sabia que o portfólio seria a minha carta de apresentação, então eu tinha que dar o meu melhor nisso.
Vi muitos exemplos de portfólio de outras pessoas, pesquisei para entender o que os recrutadores procuram e isso me ajudou muito.
Outra coisa que me ajudou foi ser transparente. Sempre deixei claro quais eram as minhas habilidades e quais eram as minhas fraquezas. No caso, eu sempre expus que não tinha muita experiência em UX ainda.
Acho que foi importante começar devagar e estar disposta a ser flexível.
Antes de migrar para UX eu liderava equipes, tinha um bom cargo e tudo isso. Mas eu estava disposta a começar mais de baixo, de descer alguns degraus.
Como que está sendo trabalhar com UX Design?
Ah, eu adoro! Gosto muito!
Eu acho que quando você trabalha com algo que gosta, acaba não sentindo que aquilo é mesmo um trabalho; é como se fosse um hobby, algo que eu gosto de fazer.
Eu estou trabalhando remoto e quase toda a equipe está em países diferentes. Então, essa troca e contato com essas pessoas é muito interessante.
Além disso, é muito bom começar a colocar em prática tudo o que eu tinha visto na teoria, até então.
Outra coisa legal é que a equipe está sempre acompanhando. Eu tenho a liberdade para falar e pedir ajuda. Se não estou me sentindo à vontade fazendo algo pela primeira vez, eu posso perguntar, levantar a mão!
Essa possibilidade de ser transparente é muito boa!
O tipo de empresa na qual estou trabalhando, eu recomendo 100%. São empresas mais dinâmicas, jovens, com mentalidade de criar impacto, de fazer algo bom para a sociedade. Isso é muito bom e eu gosto muito disso.
Que dica você daria para quem está no Brasil e quer buscar uma posição internacional?
Não sei a expressão em português, mas em espanhol falamos "tirarse a la piscina", que seria algo como do it, arrisque! Você não tem nada a perder.
Como eu estou fazendo agora. Eu sei que o meu português não é perfeito, mas sei que dá para entender, pelo menos uns 50%.
Com o inglês é a mesma coisa. Mesmo que você não ache seu inglês perfeito, lembre-se de que a pessoa que está te ouvindo vai entender mesmo que você não seja fluente no idioma.
Então, eu acho que é importante simplesmente começar a tentar e ter uma mente mais aberta e disposta a todas as coisas que estão pelo caminho.
Não tenha medo.
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Que dica você daria para a Stefanía do passado, tendo em vista toda essa sua trajetória até migrar para UX Design?
Eu diria para ela não ter medo e que tudo vai dar certo!
Hoje, depois de tudo, é fácil observar a minha história como uma história de sucesso. Mas eu tive bastante ansiedade, muitas dúvidas e questionamentos sobre as minhas decisões.
Eu estava deixando para trás uma boa trajetória profissional para me arriscar em algo que eu não sabia se daria certo.
Mentalmente foi um desafio intenso. Mas eu diria para ela simplesmente isso, não tenha medo.
O importante é entender que se você não se sente bem, é porque ainda há caminho para ser trilhado. Continue em frente porque em algum momento as coisas vão terminar bem.
Eu falava para mim mesma: estou com medo, com ansiedade, mas isso vai passar, vou ser bem sucedida e com uma história interessante!