Nesta entrevista, conversamos com o Victor Hugo Araújo, aluno do nosso Bootcamp MID que migrou para UX Design.
Victor nos conta como uma visão social e a vontade de mudar o mundo o influenciaram a estudar UX e Product Design.
Além disso, Victor compartilha como conseguiu utilizar a comunidade para conseguir aprimorar seus conhecimentos e entender quando estaria apto para procurar uma oportunidade em Product Design
Victor, para começar, fala um pouquinho de você
Eu sou o Victor Hugo Alves Araújo e trabalho em Brasília remotamente para uma empresa brasileira, no momento.
A minha primeira formação, lá em 2005, foi em filosofia. Apesar de não colocar isso no currículo, a filosofia me trouxe uma visão diferente sobre como estudar e pesquisar.
Acabei indo para uma área mais artística e montei uma produtora de áudio. Essa vivência me trouxe a experiência de empreender e entender sobre produtos.
Depois, acabei ingressando em dois cursos: Desenvolvimento de Sistemas e Gestão de Tecnologia da Informação. A partir disso comecei a trabalhar muito com Wordpress e customizações voltadas para ecommerce, atendendo clientes de Brasília e de fora também.
Um tempo depois, comecei a me interessar por Kanban. Foi na mesma época que o Eric Ries lançou o livro Lean Startup e comecei a trocar informações sobre isso com meus amigos. Quando fiz faculdade, não tinha essa cultura de projeto e produto no Brasil.
Então, quando a gente tentava aplicar o Agile e essas metodologias, era de forma displicente. Funcionava até certo ponto. Os clientes queriam mais aquele design por demanda, e menos estratégico. Mas mesmo assim, entender essas metodologias foi muito rico na época.
Depois, continuei estudando. Estudei governança, gestão de pessoas e fiz uma pós em educação e cultura. O lado da educação sempre me interessou.
Até em certo momento pensei em fazer um mestrado, mas eu estava numa época muito intensa. Filho pequeno, muito trabalho. Eu tinha que decidir entre tocar a agência ou focar nos estudos. Decidi focar nos estudos e foi aí que conheci a área de UX e UI.
Nessa época, fui impactado por uma propaganda do MID, mas era bem no começo. Eu me interessei bastante e pensei que aquilo poderia mudar minha vida. Mas naquele momento, eu deixei essa vontade parada.
Entendi, você viu o MID, mas ainda demorou um tempo para você efetivamente se matricular nele
Isso!
Sua história é bem interessante, com muita coisa! Por que você decidiu ir para o caminho do UX?
Eu acho que foi um processo muito bonito, que envolveu muita intuição e calma.
Foi no meu casamento que eu realmente decidi trilhar o caminho do UX, ou seja, há mais ou menos dois anos.
Quando eu casei ganhei dois filhos de presente, um de 20 e outro de 12 anos, na época. Isso me fez pensar no seguinte: Como é que a gente pode criar produtos digitais que não deixem nossos filhos viciados ou doentes?
O princípio da minha decisão foi muito voltado para o ponto de vista social.
Eu acredito realmente que podemos mudar o mundo a partir do momento em que mudamos a nossa postura em relação às coisas.
Quando eu comecei a estudar design, cada vez mais eu percebi que era uma ferramenta fundamental para "hackear" o modo como as coisas são construídas hoje no mundo.
Então, a partir desse entendimento, tudo começou a se encaixar. Tudo o que eu havia aprendido começou a se integrar, todo o conhecimento que eu adquiri ao longo do tempo começou a se conversar. Foi algo muito belo!
E esse processo ainda continua. Por exemplo, estou estudando UX e Dados, que é uma área que eu possuo um gap de conhecimento. Então, estou aprendendo a como integrar os dados com UX de forma profissional. Isso é muito rico e legal!
Então, acho que o motivo para entrar de cabeça em UX foi por causa dessa chama que acendeu. Mais do que a grana ou qualquer outra coisa.
Dica de Leitura: Análise de Dados em UX Research
Legal perceber toda essa conexão entre as coisas. No final, design é isso. Juntar tudo o que aprendemos e usar para solucionar um problema.
Como é que você se organizou para manter o foco nos estudos?
Eu tentei me comportar como num modelo de especialização. Ou seja, eu tentei focar nos meus gaps.
Então, foquei nas aulas ao vivo e na comunidade. Porque pra mim, não foi só uma fórmula. O que a Aela proporciona não é uma fórmula para você aprender a fazer persona, por exemplo.
Não me entenda mal, personas são importantes. O que quero dizer é não ficar pensando apenas em fórmulas. Aprenda a trabalhar!
E é isso que a Aela entrega com a comunidade. Lá existem pessoas de todos os níveis e que já passaram por diversas experiências. Então, essa troca é muito rica.
Então, eu foquei nas aulas ao vivo, na comunidade e consumi muito conteúdo para me dar suporte para as discussões com os outros alunos. Nesse sentido, eu foquei principalmente em UX Research, que era a habilidade que eu gostaria de enaltecer, priorizar essa parte estratégica.
Quando eu chegava em casa, eu lia todos os artigos possíveis. Usava também meus intervalos e qualquer tempo livre que eu tinha para estudar.
Eu sabia que não ia conseguir cumprir exatamente com o cronograma do curso, porque eu já estava no mercado, já tinha trabalho para fazer todos os dias. Então, eu decidi focar nas trocas de experiência para poder aprender melhor.
Muito legal o que você falou da comunidade. Realmente muita gente acaba ressaltando como a comunidade agrega valor.
Você tem alguma dica para quem está entrando na comunidade agora, para poder aproveitar melhor essa troca?
Tenha muito claro aonde você quer chegar e como você vai fazer isso.
Hoje o mercado está muito doido, até mesmo na questão de cargos sêniors, plenos ou júniors. Tem gente sênior que não sabe o que é senso de produto e que não trabalha com pesquisa de uma forma profissional.
Então, a gente tem que ser muito específico naquilo que a gente quer da nossa carreira, aonde queremos chegar e tentar entregar um resultado que seja compatível com o que a gente acredita.
Por exemplo, eu estou trabalhando numa empresa do ramo de educação. No mesmo dia que eu recebi a proposta para essa empresa, eu recebi outra proposta para trabalhar num banco.
Mas quis focar na área de educação, mesmo sabendo que a empresa estava em um estágio diferente, com desafios diferentes. É algo que está de acordo com meu propósito de vida.
E a grana é o resultado disso.
Você comentou de duas propostas. Quando você percebeu que já era hora de procurar uma vaga em UX Design?
Foi quando eu percebi que grande parte das lacunas e inseguranças que eu tinha haviam sido sanadas.
E eu percebi isso quando eu fui fazendo troca de experiências com outras pessoas, com pares. Eu comecei a fazer comparações com as pessoas, de forma positiva, e percebi que eu poderia estar num bom nível e preparado para enfrentar novos e maiores desafios.
Então, eu acreditei estar pronto para avançar e fui me submetendo a várias entrevistas. Algumas fui aprovado, mas não quis seguir, outras eu não fui aprovado, mas queria muito.
Dica de Vídeo: Como Escolher Seu Caminho em UX Design
Qual dica você pode compartilhar para as pessoas que ainda não fizeram ou estão no processo de entrevistas para uma vaga em UX?
Acho que é fundamental entender sobre a empresa que você está submetendo e ter noção de qual é o time que você vai trabalhar.
Se você não tem noção do time, então entenda o negócio como um todo.
Segundo, entenda qual o desafio que você vai ter lá dentro. Entenda se você está mais preparado para ir para determinada empresa ou não.
Outra coisa importante é ter confiança com aquilo que você sabe. Mas lembre-se de que ninguém sabe tudo. Você pode ter 20 anos de experiência no mercado e você não vai saber tudo.
Manter a humildade também é importante.
Agora que você já está no mercado, quais são os seus próximos planos?
Em termos de carreira, primeiramente eu gostaria de atender clientes internacionais, até para ter outras experiências e viver outras possibilidades de vida. Mas por enquanto, algo remoto mesmo porque tenho três filhos e fazer um processo de migração de país seria mais complicado.
Fora isso, acredito que a semente do que eu quero trabalhar em termos de interação já foi plantada lá no mestrado e agora eu quero fazer um doutorado específico que vai integrar ainda mais todos esse meu conhecimento e história.
Há uma literatura bem ampla que envolve um conhecimento de psicologia cognitiva que ainda não é muito claro para mim. Por isso quero integrar cada vez mais esses saberes.
Além disso, pretendo manter o foco no meu propósito e somente trabalhar com empresas que se alinham com ele.
Victor, para finalizar uma pergunta clássica aqui das entrevistas, o que você diria para o seu eu do passado quando você ainda estava estudando e começando sua jornada?
Não esqueça que seu coração tem que ser uma pluma. Leve a vida leve e aprenda com paciência que a vida se abre.