Ricardo é formado em administração de empresas e em Design Gráfico. Atua com Design há 8 anos, inicialmente desenvolvendo peças para offline, online e e-commerce.
Decidiu migrar para UX Design ao perceber que a área estava crescendo bastante. Mas essa mudança não foi tão fácil quanto pensou.
Ricardo, como foi o processo de seleção para a empresa que você está?
A empresa que estou atuando no momento é a Concrete Solutions, uma grande empresa de consultoria em tecnologia e serviços. Atualmente, estou alocado como Sênior Product Designer no Banco Itaú, nosso cliente.
Meu processo de seleção foi algo realmente que me pegou de surpresa. O contato foi feito totalmente pelo LinkedIn, liderado por eles. Eu mesmo não havia me aplicado para nenhuma vaga.
Até então, eu não tinha nenhuma experiência na área de Product Design. Aliás, eu não tinha nem um portfólio de UX Design.
Dessa forma, eu procurei ser bastante sincero na entrevista. Falei que na parte de UI eu tinha experiência, que sabia trabalhar nas plataformas IOS e Android, mostrei algumas telas que eu tinha feito. Mas que em Product Design ainda não possuía muita experiência.
Acho que o principal nesse momento é a sinceridade. Na entrevista, falei que estava estudando, me preparando e se eu tivesse uma chance para ocupar essa vaga eu conseguiria me desenvolver profissionalmente e atingir a expectativa da empresa.
O interessante é que a empresa que eu estou dá muito valor para sua vontade de aprender e, por isso, me deram essa chance.
Enfim, eu consegui a vaga e atuo como Product Designer consultor.
No início não foi fácil, pois era uma área totalmente nova para mim, os processos eram complexos. Mas com o curso, vendo as aulas do MID, os feedbacks de trabalho, as entrevistas com profissionais e o networking que eu construi, tudo isso me ajudou nesse início.
Hoje já me sinto bem mais confortável, me adaptei à rotina da empresa e a metodologia Ágil.
Como você enxerga o mercado de Product Design?
O mercado de Product Design em São Paulo está bem aquecido. Aparecem propostas de todos os tipos: para ser Head, Gerente. Chega até a ser bem maluco.
Eu, inclusive, há pouco tempo fui chamado para participar de um processo seletivo em um multinacional para Gerente de UX.
Na época estava tirando uma dúvida no Slack com um mentor do MID e perguntei qual era a opinião dele sobre o assunto. Se eu deveria encarar esse novo desafio ou não.
Ele me orientou a ser bem sincero quanto aos meus conhecimentos, mas não deixar de participar do processo. No final, essa vaga não rolou. Mas dou esse exemplo para vocês terem uma noção de como o mercado está aquecido e bem propício para quem quer entrar na área de Product Design.
Ultimamente, recebo umas 2 propostas por semana, em média, pelo LinkedIn. Você até tem que tomar certo cuidado para não ir mudando de empresa para empresa, sem ter um plano de carreira definido e sem saber onde quer chegar.
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O que mudou na sua rotina de trabalho como Product Designer?
Sinceramente, mudou bastante coisa. Pois, quando atuamos como UI Designer ou Web Designer nossa visão acaba sendo um pouco mais restrita à estética de um site.
Quando passei a atuar como Product Designer minha mente se ampliou. Você passa a ver de uma maneira mais clara o negócio como um todo, bem como toda a jornada do usuário para adquirir um produto ou serviço.
Começa, então, a perceber que tem todo um sentido por trás daquilo que você faz. Você pensa muito mais na funcionalidade no momento de fazer uma página. Inclusive, até a parte de desenhar uma tela passou a ser a etapa mais fácil do processo.
A própria profissão te obriga a olhar o negócio de maneira muito mais ampla. E não apenas sob a ótica da estética que é como eu estava acostumado.
Hoje, a minha visão estratégica de negócio é muito mais ampla. Consigo realmente enxergar o negócio como um todo, entender as dores e os desafios que os usuários trazem. Enfim, é uma mudança que valeu a pena.
Acho que uma das principais mudanças também é essa aproximação que você passa a ter com a equipe, principalmente com os desenvolvedores. Você passa a conhecer outros pontos de vista e sua cabeça acaba se abrindo para diversas coisas.
Como é o seu time de Design?
Na consultoria que atuo como Product Designer, nós trabalhamos com o Scrum. Então, as demandas são divididas em sprints e temos um tempo determinado para fazer cada etapa do projeto, onde o objetivo são pequenas entregas intermediárias ao final de cada sprint.
No momento, o cliente é um banco, o Itaú. Ele já possuía uma metodologia de trabalho baseado em Agile e Scrum. E estamos implementando um modelo de dual track, ou seja, há a fase de descoberta e de delivery (entrega). Eu estou participando dessa iniciativa lá. Como disse, estamos começando a implementar isso. Pois, dentre os modelos nós achamos este melhor para o cliente.
Então, basicamente meu dia a dia é: há uma necessidade de negócio ou do usuário, o Product Owner avalia se a necessidade é real e se tem valor para o negócio. Caso for viável, a equipe de Design começa a discutir a viabilidade, e eu, como Product Designer, inicio o processo de criação de protótipos e validações.
Obviamente não fazemos todos esses processos sozinhos. Sempre pedimos ajuda de diversos outros times. Inclusive, temos uma cerimônia que chama Design Day, onde todos os Designers se reunem e compartilham os problemas para serem discutidos. E isso é essencial ajuda muito.
É um trabalho em equipe e de constante aprendizado e adaptação.
Realmente, a área de Product Design tem muita coisa para estudar. E inclusive eu reconheço que existem alguns pontos desse processo que eu ainda preciso evoluir e me sentir mais confortável, como é o caso de pesquisas com usuários.
Porém, nesse ponto, o Bootcamp MID ajuda muito, pelo fato de termos mentores que são Designers atuando na área. E poder ter esse canal de acesso para tirar dúvidas é essencial e ajuda demais na nossa evolução.
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Quais são seus desafios como Product Designer?
A parte de descoberta do problema ainda é um desafio para mim. Estou tentando estudar e ler bastante sobre esse assunto, pois é algo complexo quando você vai fazer na prática. E é uma parte bem importante do processo de design.
Se você encarar isso como uma receita de bolo parece que é fácil. É só você fazer uma persona e depois fazer a jornada dessa persona. Mas quando você vai adentrando aos detalhes vê que não é tão simples assim fazer as ligações e principalmente não deixar que sua visão e opinião pessoal influenciem no processo.
Realmente essa é uma fase que exige bastante conhecimento, aprimoramento, e não vou mentir que ainda tenho um pouco de dificuldade neste ponto.
Quais as dicas que você deixa para quem está migrando para Product Design?
Primeiramente, vou falar um pouco do que aconteceu comigo.
Logo que eu fui buscar mais informações sobre a área de Product Design, eu pensei: "cara, é muita coisa"! Então, primeiro, tenha calma. E isso vai ser muito importante para você no início, pois você pode ficar tão desesperado que nem vai chegar a começar.
Então, eu aconselho pegar algum curso, assim como o MID, que você consegue entregar um case e apresentar para uma empresa. Enfim, acho que esse é um bom caminho, pois abre a possibilidade de uma primeira oportunidade de trabalho como Product Designer.
E nesse ponto, eu acho que o MID é muito bom. Pois, em cada nível você tem um exercício que se torna um case para o seu portfólio. Então, ao passar pelos níveis você terá vários cases em seu portfólio. Diferente de outras escolas, que só no final que você terá um único case.
Outra dica, é procurar um mentor. E ai entra outro benefício do MID, pois a gente tem vários pontos de contatos com os mentores, nas aulas de sábado, no Slack. Além, do contato com os demais alunos, e tudo isso faz muita diferença.
Além disso, eu indicaria fazer uma análise dos seus pontos fortes e pontos fracos. Canalizar, dessa forma, um pouco mais de esforço nesse sentido. É o que venho trabalhando bastante ultimamente. Pois, é muita coisa para gente estudar.
E no final, mais um pouco de calma. Enfim, essas são minhas dicas para quem deseja migrar.
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Quais são os seus planos para o futuro?
Um dos meus maiores objetivos é ter uma experiência internacional. Inclusive, já venho projetando isso. Esse foi um dos fatores que me fez entrar no MID, ter a oportunidade de receber feedbacks de Designers que estão no mercado internacional, o que é exigido nesse mercado, e como a gente faz para chegar lá.
Um problema para mim é o inglês, pois ainda não falo inglês fluente. Falo o espanhol fluente. Mas o inglês ainda estou estudando. Pelo fato de possuir espanhol fluente, também não descarto a possibilidade de uma experiência profissional na América Latina, no Chile que vem crescendo nesse sentido.
Então, estou nesse processo. Aperfeiçoando meu portfólio, com os projetos do Itaú. Já que estou participando de projetos bem legais por lá. Então, estou documentando tudo para fazer um case bem completo seguindo as dicas que vocês dão. Pois, fazer um portfólio de UX não é fácil.
Portanto, venho fazendo tudo isso para realmente estar mais preparado para quando surgir uma oportunidade eu poder abraçá-la.