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Entrevistas

Organizei Os Estudos e Migrei Para UX Design — Entrevista Com Tiago Oliveira

por
Felipe Guimaraes e Equipe Aela
2/7/2021
4
minutos de leitura
Índice de conteúdos

Tiago Oliveira é aluno do MID e, nesta entrevista, nos conta como foi o seu processo de migração do Design Industrial para UX Design e comenta as similaridades entre as duas áreas.

Além disso, Tiago mostra como a organização dos estudos foi essencial para a sua mudança de carreira e como os processos seletivos também ajudaram em seu aprendizado.

Confira a história do Tiago e inspire-se!

Tiago, conta um pouco do seu background para nós

Felipe, é um prazer estar aqui! E antes de tudo gostaria de comentar que quando entrei no MID eu já tinha assistido algumas entrevistas com alunos e ficava pensando quando seria a minha vez! Estou muito feliz de estar aqui hoje!

Bem, eu tenho 32 anos e sou formado em desenho industrial. Mas antes disso eu estudei processamento de dados, o que acabou sendo uma ponte para que eu estudasse design.

Na época, em 2009, eu já flertava com o Web Design e sempre tentei estudar um pouco de front-end, mas programação nunca foi a minha praia e acabei decidindo estudar design industrial!

Essa formação me ajudou muito pela bagagem que tenho hoje sobre alguns conceitos e ferramentas de design.

Parte do meu desejo de querer migrar do Design Industrial para o UX Design foi justamente a possibilidade de usar várias ferramentas que aprendi na faculdade e em outras experiências, de uma forma mais livre e criando valor.

Nas experiências que tive antes de migrar, eu sentia que não criava tanto valor assim com o meu trabalho.

Portfólio UX Tiago Oliveira
Portfólio Tiago Oliveira

Você pode explicar melhor o que você fazia como Designer Industrial?

Já durante a faculdade, eu consegui um estágio em uma empresa de iluminação bem reconhecida no mercado.

Na época, eu ajudava a tangibilizar as ideias do diretor de criação, ou seja, eu transformava o conceito da luminária que ele criava em algo material.

Nesse sentido, eu pegava o desenho que ele fazia, passava para 3D e enviava para a fábrica.

Além disso, eu ajudava na produção dos componentes, na montagem, pensava em como seria possível enviar o produto para lojas físicas de forma segura; analisava os custos do produto, os métodos de fabricação e todo esse tipo de coisa.

Em resumo, a minha responsabilidade estava presente em tudo o que acontece no ato de transformar a ideia no papel em um produto físico, fabricável e escalável.

Dica de Leitura: Product Manager — Negócios, Tecnologia e User Experience

O que você vê de similaridade entre os processos de Design Industrial e os de UX Design?

Tem uma relação muito grande, na verdade!

No Design Industrial, eu pensava em todo o processo do produto. Desde o rascunho até a fabricação do produto físico, passando por todas as etapas dessa jornada de transformação: custos, facilidade de montagem, ergonomia, etc.

Parando para analisar, hoje, no meu trabalho como Product Designer também existe toda essa jornada, pensando no processo inteiro de desenvolvimento de um produto digital.

A grande diferença é o foco maior no usuário com que o UX Design se preocupa.

No meu trabalho com luminárias, por exemplo, mesmo que houvesse interação com os produtos, não era nada em comparação com a interação dos usuários com produtos digitais.

No Design Industrial, a gente entendia bastante sobre os processos internos da empresa. Com UX Design e Product Design, as preocupações vão além disso porque preciso entender e pensar muito bem em quem é o usuário do meu produto. Ou seja, meu olhar para fora da empresa é bem maior do que era no Design Industrial.

Então, hoje, trabalhando com produtos digitais, eu preciso pensar nas estratégias do negócio e associá-las com as necessidades de quem vai usar o produto.

Além disso, existem muitas ferramentas e metodologias que eu usava no industrial que eu ainda utilizo em UX Design, como: ferramentas de priorização, descoberta de problema, causa raiz e etc.

Portfólio UX Tiago Oliveira
Portfólio Tiago Oliveira

Como foi o seu processo de estudo quando decidiu migrar para UX Design?

No começo, eu tentei estudar por conta.

Eu pesquisava bastante e tinha muito material na internet que eu achava bom para estudar. Mas na época eu não tinha tanto tempo para conseguir digerir todo esse material.

Acabou que eu me senti perdido e parei de estudar por um tempo, mas aquela fagulha que se acendeu para estudar sobre UX Design nunca se apagou.

Uns dois anos depois, eu voltei a sentir esse desejo de estudar. Como da primeira vez, tentei estudar por conta, mas novamente comecei a ficar perdido porque era realmente muita coisa.

A minha angústia acontecia porque eu não conseguia entender direito como as coisas funcionavam. Eu tentava conectar os pontos entre o que eu estava estudando e as minhas experiências em design industrial, mas essa relação nunca ficava clara para mim.

Nesse momento, eu percebi e decidi que eu precisava de ajuda e acabei encontrando a Aela e o MID.

Nesse sentido, o MID me ajudou muito porque eu segui o processo de estudos dele: assisti todas as aulas do primeiro nível, fiz o projeto, aguardei o feedback e fui ajustando o que era para ser ajustado.

Com essa rotina, eu comecei a entender qual a forma de estudos que mais funcionava para mim e eu acho que isso é muito importante. Cada pessoa tem o seu tempo, seu ritmo, suas necessidades e facilidades. Encontrar o seu estilo de estudo é fundamental.

Quando cheguei no nível 2 do curso, eu já tinha entendido a dinâmica das entregas e validações dos projetos. Esse ponto já é bem diferente do que eu estava acostumado em Design Industrial, onde a validação e o tempo de entrega são bem diferentes.

Conforme eu avançava no curso e nos estudos, eu acertava os ponteiros e tentava sempre me aprofundar em alguma ferramenta ou etapa específica relacionada ao que eu estava estudando no momento.

Por exemplo, em pesquisa do usuário, eu me aprofundei nas técnicas, modos de fazer, feedbacks, onde precisava dar atenção e etc.

O que fez bastante diferença nos meus estudos foi encontrar a minha rotina e entender que eu preciso ter foco. Por mais que eu encontrasse muito material na internet que me dava vontade de estudar, eu tentava deixar para depois e me concentrar no que eu realmente precisava no momento.

Esse processo me ajudou muito. A falta de foco pode atrapalhar e prejudicar bastante o nosso crescimento.

Dica de Leitura: Como Aproveitar meu Background e Migrar para UX Design?

Como você organizou seus estudos? Pode dar mais detalhes para a gente?

Foi bem difícil no começo porque eu tentei conciliar o trabalho com os estudos e não deu muito certo!

Eu sentia bastante dificuldade em dar foco aos estudos durante esse período. Com isso, comecei a entender que eu teria que me dedicar mais para fazer essa migração para UX Design.

Quando eu percebi que não tinha como manter o trabalho e os estudos, eu sai do meu emprego da época. Decidi confiar nos meus desejos de mudança e foquei 100% nos meus estudos a partir disso.

Eu sei que não é todo mundo que consegue fazer esse movimento. E foi um tipo de privilégio do qual eu me aproveitei e que me ajudou muito.

Logo quando sai do trabalho senti uma certa estranheza até conseguir me adaptar a nova rotina. Eu havia saído de uma vida mais agitada para uma vida mais "tranquila".

Nesse sentido, eu delimitei um horário de estudos e me propus a extrair o máximo possível daquele período.

Além disso, o que me ajudou muito foi me planejar, organizar as entregas do curso, gerir o tempo e ter sempre em mente o que eu desejo fazer com ele.

Entender o que eu preciso fazer, utilizar, no que irei focar ou entregar, é muito importante para estabelecer essa rotina de estudos.

Mas, uma coisa adicional que aprendi, é que ao mesmo tempo que é bom ter um plano, é importante também estar preparado para imprevistos. Nesse sentido, acho importante não levar as coisas tão a ferro e fogo porque se algo acaba não dando certo, você consegue lidar com a frustração.

No final do dia, errar faz parte do processo e do aprendizado.

Outra dica importante é não esquecer da parte prática.

Muitas vezes eu me encontrava somente estudando a parte teórica e isso foi um erro. Nós temos que saber a hora de colocar a mão na massa porque o aprendizado prático é fundamental.

Portfólio Tiago Oliveira
Portfólio Tiago Oliveira

Você já está no mercado há um tempo. Como foi seu processo de contratação?

Acabou sendo um mix de diversas coisas e isso foi bem legal!

Quando eu tomei a decisão de largar o emprego e focar nos estudos, eu tracei uma meta na minha cabeça: até o final de março de 2020 eu queria já ter conseguido uma oportunidade em UX Design.

Mas então veio algo inesperado: a pandemia.

E isso atrapalhou bastante os planos que eu tinha feito e eu acabei tendo mais tempo para estudar antes de migrar efetivamente.

No entanto, mesmo durante a pandemia eu participei de alguns processos seletivos, cada um com um case diferente. Eu tentei aproveitar o máximo cada uma dessas oportunidades e as tratei como se fossem entregas do MID.

Apesar de ter ouvido muitas negativas nesses processos, o resultado deles foi bem positivo para mim. Conheci pessoas, apresentei trabalhos, melhorei a maneira como apresentava os cases para os recrutadores. Enfim, foram oportunidades de bastante aprendizado.

O que eu sempre fazia era tentar aplicar meus aprendizados do processo anterior no processo atual. Com isso, eu sempre estava incrementando e aperfeiçoando a minha apresentação e entrevista.

Nesse processo de aprendizado com os processos, eu aprimorei muito o meu Storytelling, o que considero ser muito importante e que fez total diferença nas minhas apresentações.

Para o meu trabalho atual, no processo seletivo, eu procurei apresentar o case fazendo associações entre o processo de design e o mercado da empresa. Esse detalhes foram e são muito importantes!

Se você conseguir ter um tempo para montar uma história em cima do seu case, faça isso! A experiência da apresentação é fundamental!

Muitas empresas estão juntando o Design Industrial com o UX Design e Digital. O que você pensa sobre essa junção de mundos?

Eu acho que ainda estamos bem no começo de toda essa junção, porque o universo criado a partir disso é muito vasto.

No final do dia, tudo acaba em design! Hoje as coisas estão mais híbridas. O conceito de vertentes isoladas — gráfico, digital, industrial — está se desfazendo.

Voltando para o mercado de luminárias, existem produtos que conseguem identificar, dentro de um prédio comercial, qual a sala que está consumindo mais energia e comunicar as pessoas responsáveis para que a gestão dos custos possa ser melhorada.

Nesse processo, temos:

  • o design gráfico: cuidando da identidade e da comunicação na embalagem;
  • o industrial: pensando na viabilização do produto;
  • e o UX Design/ Digital: pensando na interação do usuário com as informações coletadas pelo produto, em relação ao consumo e custos.

Portanto, o céu é o limite quando o assunto é a junção de todos esses mundos!

Portfólio UX Tiago Oliveira
Portfólio Tiago Oliveira

O que você diria para o Tiago do passado, quando estava com dúvidas em migrar para UX Design ou não?

Eu acho que falaria para continuar e confiar no processo.

Ter calma, paciência e confiar em si mesmo porque tudo vai dar certo!

Dica de Leitura: 11 Medos Que Te Impedem de Migrar para UX Design
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