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Entrevistas

Quebrando Barreiras: Como o UX Mudou Minha Vida Profissional - Entrevista com Diogo Cassel

por
Felipe Guimaraes e Equipe Aela
26/10/2023
4
minutos de leitura
Índice de conteúdos

Nesta entrevista, conversamos com o aluno do MID Diogo Cassel, que migrou do design gráfico para UX e Product Design.

Diogo compartilha sua trajetória, suas dúvidas e o processo de autoconhecimento que foi crucial para quebrar barreiras e fazer com que conseguisse migrar para a área.

Ele também traz dicas valiosas sobre networking e a busca por feedback de profissionais experientes. Ele enfatiza a importância do planejamento, da determinação e do apoio mútuo entre colegas. Seu caminho, pontuado por conquistas, erros, aprendizados e revisões de estratégias, serve de inspiração para qualquer um que esteja buscando redefinir e potencializar sua carreira.

Venha descobrir mais sobre essa jornada inspiradora!

Diogo, obrigado pelo seu tempo! Por favor, fala um pouco sobre você

Felipe, obrigado por me convidar para essa entrevista!

A minha trajetória como designer é parecida com a de muitas pessoas, tanto da comunidade da Aela quanto da área de UX Design como um todo.

Eu venho do design gráfico e durante minha carreira trabalhei com todas as oportunidades que essa profissão pode oferecer. Fiz diagramação de revista e jornal, branding e até papelaria comum de escritório.

No meu último trabalho como designer gráfico, eu trabalhei muito com desenvolvimento de marca e identidade para produção de eventos culturais na cidade onde moro.

Eu comecei a olhar para UX Design por volta de 2018/2019. Uma colega do trabalho me apresentou à Aela e ao MID. Na época estava rolando aquele workshop gratuito e me inscrevi para participar.

Saí do workshop decidido a entrar no MID.

Mas quando comecei os estudos aconteceu algo que eu não estava esperando. Eu entrei com muito entusiasmo no curso e comecei a fazer as coisas sem muito planejamento; consumia conteúdos de qualquer fonte, não sabendo avaliar direito a qualidade. Coloquei o carro na frente dos bois.

Então, comecei a me aproximar mais da comunidade de alunos da Aela e até de você, Felipe. Comecei a conversar mais sobre as coisas e fui endireitando o carrinho nos trilhos para conseguir traçar meus objetivos.

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O que você fez quando percebeu que as coisas estavam fora dos trilhos e que dica você pode dar para quem está vivendo algo similar?

Eu estava numa zona de conforto bem grande em relação à profissão. Porque eu ganhava bem para a região onde eu morava e percebi que seria difícil ganhar o que ganhava fazendo a mesma coisa em outros lugares. Então me acomodei muito.

Por conta disso, comecei a deixar os estudos do MID de lado.

As coisas só começaram a mudar quando comecei a procurar estudos para meu desenvolvimento pessoal. E quando comecei treinamentos com coachs, tomei um chacoalho.

Lembrar disso até me causa um incomodo porque eu sei que me acomodar daquele jeito não era algo legal.

Eu buscava coisas para fugir dos estudos e dos novos desafios. Fazia isso para não sair da zona de conforto.

Até um exemplo, nas primeiras apresentações de projeto do MID, eu ficava muito nervoso e desconfortável. Então, eu tinha decidido que não queria mais fazer aquilo porque me tirava da zona de conforto, por mais que fosse bom para meu desenvolvimento. Eu pensava que eu estava passando vergonha.

Quando comecei a ver que essa situação era uma boa oportunidade para aprender com pessoas que estão na mesma situação que eu, e com professores que vão me dar bons feedbacks, as coisas começaram a mudar.

Então, a primeira dica que posso dar é aceitar que você pode estar perdendo tempo.

Quando eu comecei a encarar as coisas dessa forma, comecei a pensar no que fazer para mudar meu comportamento.

Foi aí que mandei uma mensagem para você, Felipe, dizendo que eu tinha feitos novos planejamentos de carreira e estudo e queria saber da sua opinião e visão.

E isso é outra dica que posso dar: aceitar que o que eu estava fazendo não ia dar resultado nenhum e que eu precisava de um planejamento para mudar as coisas.

Foi o planejamento que me botou pra frente!

Posso até compartilhar que, no meu primeiro ano de planejamento sério, eu cumpri todos os meus objetivos profissionais na data que me propus. Nesse segundo ano de planejamento, eu já consegui bater todos os meus objetivos com 6 meses de antecedência.

Portfólio Diogo Cassel

Parabens demais! Acho que existe um grande preconceito com coachs que é descabido. Eu mesmo já melhorei muitas coisas porque eu tive esse mentalidade de perguntar e procurar saber onde preciso melhorar.

Sim, uma outra prática que comecei a fazer e que foi muito importante, foi falar com pessoas e profissionais mais experientes.

Todo mundo fala que networking é legal, mas pedir feedback para outros profissionais é muito bom também.

Por exemplo, eu estava conversando com diversos profissionais da área de design, mas não estava ficando claro para mim aonde exatamente que eu deveria melhorar. Todos os feedbacks que recebia eram sobre meu portfólio, mas nas entrevistas eu nem chegava nesse estágio do processo seletivo, de mostrar meu trabalho.

Então, eu comecei a procurar recrutadores pelo LinkedIn mesmo, para conversar e entender se eles conseguiam me dar algum direcionamento com relação à isso.

Comecei a quebrar a barreira de achar que eu estava incomodando as pessoas.

No final do dia, recrutadores precisam encontrar pessoas, então receber meu contato também era muito bom para eles, por mais que não fossem me contratar.

Então, fui acertando os pontos e em cada entrevista eu pedia um feedback, Claro, tem recrutador que não te dá feedback, mas outros estão bem dispostos a te ajudar, falando o que foi bom e o que não foi, durante a entrevista.

Isso me fez bastante diferença, começar a conversar com esses profissionais.

Eu sei que você ficou um bom tempo sem férias e conseguiu tirar um período de descanso depois de finalizar um projeto. Além disso, você tinha recursos para ficar bons meses sem trabalhar, só estudando. Como você conseguiu se organizar financeiramente dessa forma?

A questão da organização financeira surgiu durante reuniões de desenvolvimento pessoal, quando o coach nos questionou: "o quão rico você é?". Ele esclareceu que, nos dias de hoje, alguém pode se considerar rico se for capaz de permanecer algum tempo sem trabalhar, mantendo o padrão de vida, sem atrasar contas e sem reduzir seus hábitos de consumo.

Esse conceito realmente me pegou.

Já vinha pensando na possibilidade de pedir demissão se não conseguisse uma vaga em UX enquanto ainda estivesse empregado. Lembro até de te enviar uma mensagem perguntando sobre se era viável conseguir minha primeira oportunidade em UX até o final do ano. Você respondeu que era possível, mas eu teria que me dedicar bastante.

Então, ao ouvir sobre essa definição de "riqueza", decidi me planejar. Já possuía o hábito de investir e cuidar das minhas finanças. Portanto, sempre separava 30% do meu salário para uma reserva.

Por volta do meio do ano, conversei com Rick, mentor da Aela. Ele tinha um projeto que precisava de um designer e, assim que soube da vaga, imediatamente me ofereci.

Enviei uma mensagem a ele dizendo “estou pronto”. Como ele já conhecia o meu trabalho através da Aela, percebeu que minhas habilidades se alinhavam com o que ele buscava. Foi uma experiência incrível e um grande estímulo.

Ao discutirmos remuneração, senti insegurança por minha inexperiência na área. Baseei meu cálculo no que ganhava como designer gráfico.

O retorno do Rick foi assim “Pô, não dá!”

Quando ele me falou isso, achei que eu tinha cobrado demais.

Então ele complementou: “Tem que ser pelo menos o dobro disso”.

Se considerarmos o contrato por horas, comparado a um emprego CLT, o projeto era equivalente a meio mês de trabalho. Assim, trabalhei metade e ganhei o dobro.

Quando recebi esse valor, vi claramente a possibilidade de transição de carreira. Nesse contexto, e influenciado pelas aulas contigo sobre valorização profissional e posicionamento, além dos treinamentos de desenvolvimento pessoal, fiz uma entrevista para a vaga em que estou agora.

Sugeri um salário maior do que estava recebendo, e, para minha surpresa, a empresa fez uma oferta ainda maior, elogiando o meu perfil.

Dica de Leitura: Migrar para UX Design: Como se Planejar Financeiramente

Do trabalho antigo para esse novo, de quanto que foi o aumento de salário, percentualmente?

Ah, foi cerca de 50%.

Bacana! O que muitas pessoas podem não saber é que geralmente há um range de salário que as empresas trabalham.

Sim, quando me ofereceram a mais, eu lembrei exatamente disso que você falou. Se estão me oferecendo a mais, significa que o range de salário permite me pagar a mais.

E hoje em dia eu me sinto bem confortável em sentar com as pessoas para falar de salário, sabendo meu valor. Claro que não vou ser arrogante com meu preço, mas fico bem tranquilo de tratar disso hoje em dia.

Portfólio Diogo Cassel

É curioso você falar sobre arrogância porque o brasileiro tem essa questão cultural de muitas vezes confundir gentileza com humildade. Você saber do seu trabalho e cobrar aquilo que você acha correto não é arrogância! Designers geralmente fazem isso, têm medo de cobrar o que realmente valem.

Eu tinha alguns freelancers e comecei a encerrar uns trabalhos por conta disso.

Algumas coisas que ainda caem pra eu fazer, começo a cobrar a mais, por conta da falta de tempo, das coisas que eu quero me dedicar, como o MID, o IPD, meu trabalho, etc.

E aí, cobrando a mais, o cliente aceita e eu fico pensando “por que eu não cobrei esse valor desde sempre?”

Mas isso é uma questão que os próprios designers influenciam. O designer olha o preço tabelado pela Associação dos Designers Gráficos e eles mesmo dizem que aqueles valores são caros.

E tem um outro lado. Trabalhando como Product Designer, ter acesso ao que a empresa que eu trabalho cobra do cliente, investimento no produto e tudo mais, você tem mais clareza de quanto que você pode cobrar também.

Falando nisso, posso dar duas dicas adicionais. Uma é que a partir do momento que faço o meu planejamento, eu procuro pessoas para serem meu espelho, uma referência. E uma delas é você Felipe, muito pelas coisas que você fala e transmite pra gente. Tem obviamente um momento de querer testar tudo o que você fala para ver se dá certo, e tudo o que você falou que eu testei e apliquei, tudo deu certo. Então eu coloquei pra mim que tudo que vier de você Felipe, da Aela, vou testar e vou usar.

E a outra dica é a parte de ter um parceiro de estudos, isso foi muito forte não somente na questão dos estudos, mas das conquistas das coisas. A minha dupla é incrível, ele me bota pra cima. A gente nem se conhece pessoalmente, mas nos apoiamos muito e isso é muito importante

Isso acaba se expandindo não somente para esse meu colega mas, se observar todas as outras entrevistas, dá para perceber que eu tenho um pouco de cada um desses colegas em mim.

Teve uma época que cada vez que saía uma entrevista, eu assistia e anotava e aplicava as coisas que as pessoas falavam. Então, o meu processo se construiu em cima de ouvir os outros que já tinham chego lá. Tudo o que essa galera falou, eu anotei e testei.

E tranquilo, o que deu certo eu continuo, o que não deu, não funcionou pra mim, não tem erro!

Essas foram as duas coisas que foram importantes pra mim, olhar o que as pessoas que já chegaram lá fizeram, e os pares.

E a nossa comunidade é muito incrível. As pessoas lá conseguem te botar pra cima, te motivar, se você estiver com algum problema, eles abraçam o problema como se fossem deles também. Esse é um dos pontos do MID que eu acho mais forte, a comunidade.

Você consegue dizer o que mudou na vida do Diogo designer gráfico, pro Diogo Product Designer?

Antes, havia o Diogo jovem que via a profissão como mera diversão. Se as coisas dessem certo, ótimo; se não, estava tudo bem. Porém, à medida que amadureceu, começou a enxergar a vida com mais seriedade, tratando oportunidades com critério e selecionando cuidadosamente com quem e onde queria trabalhar.

Quando iniciei minha transição para UX e Product Design, aceitava qualquer oportunidade. Contudo, hoje, minha perspectiva mudou. Existem empresas nas quais eu simplesmente não trabalharia, independentemente de sua grandiosidade ou do salário oferecido. Atualmente, estou satisfeito trabalhando no setor financeiro, mas reconheço que isso pode mudar no futuro.

Essa transformação não se trata apenas de uma evolução profissional, mas também pessoal. Comecei a entender a importância de tomar decisões pensando em meu próprio bem-estar, seja em relação à carreira, estudos ou momentos de lazer. Refletindo sobre meu desenvolvimento, sinto um orgulho genuíno. Mesmo tendo amadurecido um pouco mais tarde, vejo que cresci de maneira acelerada e significativa.

É gratificante perceber quando as coisas estão indo bem. Apesar de ter um plano estruturado, confesso que, em alguns momentos, sentia angústia por estar desempregado. No entanto, meu amadurecimento sempre me reconduzia ao foco. Entendia que não podia agir por impulso ou desespero. Somente me permitiria sentir desespero se estivesse a uma semana de um grande prazo e não tivesse tomado nenhuma ação.

Se algo não vai conforme o esperado, é crucial buscar orientação, pedir ajuda e ajustar o curso, sempre mantendo o diálogo com aqueles que estão próximos. Todo esse discernimento veio com o tempo e o crescimento pessoal. Caso contrário, nunca teria buscado sua ajuda, enviando mensagens em busca de orientação.

Dica de Leitura: 7 Soft Skills Valiosas Para Te Ajudar a Migrar para UX Design

Pode nos explicar sobre seu processo para conseguir sua atual posição? Como você alcançou esse objetivo antes do previsto?

Quando temos um plano bem definido, sabemos exatamente quais passos seguir para alcançar o objetivo proposto. No entanto, quando nos deparamos com incertezas, é crucial buscar orientação. No meu caso, recorri a você.

Ao traçar metas para este ano, particularmente para conseguir um emprego estável, analisei todas as ferramentas à minha disposição e o que precisava para enfrentar os processos seletivos. Confesso que inicialmente não sabia como otimizar meu LinkedIn ou elaborar um currículo adequadamente. Hoje, embora não estejam perfeitos, estão significativamente melhores do que no início.

Iniciei diálogos com outros designers, agendei mentorias e conversei com membros da nossa comunidade, que se mostraram extremamente acessíveis. Era incrível: enviava uma mensagem e rapidamente recebia uma proposta para uma conversa em vídeo.

Percebi a necessidade de aprimorar minhas ferramentas e habilidades. Mesmo com a ajuda de recrutadores, havia momentos em que não era aprovado nas entrevistas. Portanto, trabalhei na melhoria da minha postura durante essas entrevistas. Solicitar feedback dos entrevistadores foi uma estratégia valiosa nesse processo.

Abandonei qualquer receio de admitir minhas limitações e comecei a treinar especificamente para entrevistas. Adicionalmente, me dediquei a compreender as tecnologias de triagem de currículos, pois a maioria das vagas para as quais me candidatava utilizava plataformas online. O objetivo era garantir que meu currículo superasse esses filtros tecnológicos e alcançasse o recrutador.

Em resumo, estabeleci um plano, identifiquei áreas de melhoria e atuei nelas. Acredito firmemente na energia que emanamos: quando nos mobilizamos em direção a um objetivo, as coisas começam a acontecer. Esse movimento nos fortalece, aproximando-nos cada vez mais do objetivo final.

Naturalmente, há momentos de desânimo. Houve uma fase em que, apesar de todo o esforço, parecia que nada dava certo. Contudo, com persistência, as entrevistas começaram a surgir e, eventualmente, me vi sendo seletivo nas oportunidades, pois tinha clareza do que realmente buscava.

É crucial reconhecer que, mesmo quando não atingimos diretamente nossos objetivos, estamos constantemente construindo e aprendendo no processo. Evolui consideravelmente em diversas áreas, desde o LinkedIn até as técnicas de entrevista. Precisamos valorizar e celebrar esses pequenos avanços no caminho.

Portfólio Diogo Cassel

Qual conselho você daria para quem está iniciando seus estudos agora?

Primeiramente, mantenha a calma e respire. O MID é um programa bem estruturado, voltado para a evolução do profissional. Lembre-se de seguir um passo de cada vez; à medida que avança, você se fortalece em suas competências.

A minha virada foi quando percebi que podia seguir a metodologia do MID, começando com bases sólidas e aprimorando-me gradativamente. Esse entendimento foi crucial e é uma ferramenta poderosa.

Evite o consumo desenfreado de informações. Tentar absorver tudo simultaneamente pode ser contraproducente e te levar a um estado de FOMO (Fear of Missing Out). O mais importante é respirar, ter paciência, confiar no processo e, acima de tudo, acreditar em si mesmo.

Se você optou por estudar e seguir o MID, é porque possui um objetivo e tem plenas capacidades de atingi-lo. Não caia na armadilha de se comparar com outros, especialmente aqueles em níveis distintos de experiência. Em vez de comparar-se, procure aprender com os mais experientes, fazendo perguntas e buscando orientação.

Mantenha o foco, acredite no seu potencial e persista nos estudos. Uma vez que você comece a se dedicar e se movimentar em direção ao seu objetivo, certamente alcançará o sucesso.

Obrigado Diogo e muito sucesso no seu caminho!


     

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