A Inis é uma aluna de longa data do nosso Bootcamp Master Interface Design.
Ela já nos concedeu uma entrevista, contando como foi seu processo de migração, a ida para Irlanda e o processo para se tornar UX Designer no Facebook de Dublin.
Dessa forma, nessa entrevista, ela nos conta sobre essa nova fase, trabalhando com Product Design na Udemy.
Inis, para relembrar rapidamente, conta um pouco sobre o seu background pra gente
Eu sou formada em Psicologia, fiz mestrado e especialização na área.
Cheguei a trabalhar durante alguns anos como psicóloga; e depois fui trabalhar com pesquisa, que foi minha última experiência na área.
Durante essa fase, eu sentia falta de ver a aplicação prática dos resultados das pesquisas que fazia. Adicionalmente, eu sentia bastante falta de desenvolver a parte criativa e de resolução de problemas.
Nesse sentido, a psicologia não conseguia me proporcionar essas habilidades da maneira com que eu gostaria.
Assim, eu decidi fazer uma faculdade de Design! Mas eu não aguentei 1 semestre! (risos)
Então, eu decidi sair da faculdade e estudar por conta própria.
Cheguei a conseguir uma oportunidade para trabalhar com design gráfico em uma startup. Foi nessa empresa que eu pude ter contato com diversas outras áreas, inclusive UX Design.
Comecei a acompanhar a Aela e me inscrevi no MID para me aprofundar no assunto, já com a intenção de ir morar na Europa. Nessa época, eu ainda estava no Brasil.
Portanto todo o processo foi em conjunto, uma decisão se encaixando na outra. Sair da psicologia, começar design, me interessar por UX e desejar morar fora.
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Quando você chegou em Dublin, qual foi seu principal choque ao começar a procurar trabalho?
Uma coisa que eu demorei para entender é o que eles esperam das entrevistas, aqui em Dublin.
São coisas bem diferentes, como eles se comportam e como os brasileiros se comportam nas entrevistas. Não que eles não gostem do nosso jeito, mas é realmente uma questão cultura, sabe?
Eu não estava indo bem nas primeiras entrevistas e eu simplesmente não entendia o porquê. Então, eu demorei certo tempo para entender essa questão das diferenças culturais.
Hoje, você consegue identificar com facilidade essas diferenças?
Sim!
Eu acho que tem bastante a ver com a maneira com que você se expressa, a linguagem que você usa, se demonstra que sabe ou não sabe do que está falando.
Além disso, um ponto interessante, é que aqui eles não têm a mania de ficar gesticulando enquanto falam, ou de ser tão expressivos nas feições e com o corpo, como o brasileiro.
Depois de um tempo, eu percebi que quando você gesticula demais, eles entendem que você não sabe muito bem sobre o que está falando. Eles interpretam as gesticulações dessa forma.
Outra questão importante é o próprio inglês. Por mais que você saiba falar o idioma no dia a dia, trabalhar em inglês é algo completamente diferente.
Eu acho que essas são as questões que talvez demorem para entender e ajustar.
Da parte do inglês, quais são exatamente as dificuldades que você enxerga?
Com certeza, a parte mais difícil é o vocabulário da área.
Apesar do UX Design ter bastante termos que não são traduzidos, as expressões do dia a dia de trabalho são difíceis de pegar logo de cara.
Nesse sentido, existem algumas expressões aqui que, mesmo você tendo estudado inglês no Brasil e saiba falar, você não entende! Porque são coisas que você não está acostumado a ouvir.
Então, na hora você ouve e se pergunta: "mas o que foi que disseram? ou que ele/ela falou?". Depois você descobre que era uma expressão simples, do dia a dia de trabalho!
Mas não tem jeito, você tem que se acostumar e leva tempo para você pegar essas expressões.
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Como que foi se acostumar com o sotaque irlandês?
Até que não foi tão ruim não!
O sotaque depende muito da região em que você está aqui em Dublin.
Geralmente, as pessoas que me entrevistaram tinham um sotaque bem tranquilo de entender.
Mas, como falei, dependendo da região em que você está aqui, fica complicado entender mesmo!
Na outra entrevista, você comentou sobre o processo até entrar no Facebook. Hoje, você está na Udemy. Como foi essa evolução e o que você entende que te ajudou nesse processo?
Com certeza, a questão que mais mudou e evoluiu na minha jornada foi a segurança com que eu falo sobre o meu trabalho.
Mas fora isso, algo que ajudou muito minha transição entre empresas, foi o próprio processo seletivo da Udemy.
Quando eu estava querendo mudar de empresa, eu queria sair de UX Design para começar a trabalhar com Product Design.
No entanto, apesar da minha passagem pelo Facebook despertar o interesse dos recrutadores, eu sempre era barrada na questão da experiência, por nunca ter trabalhado com produto antes.
Eu nunca passava das primeiras etapas dos processos seletivos. Muitas vezes sendo descartada logo na entrevista por telefone, com os recrutadores.
Já com a Udemy foi um pouco diferente.
Na entrevista, eu senti que eles estavam bastante interessados em outras questões: habilidades sociais, valores pessoais e no que eu poderia acrescentar à empresa com o meu conhecimento.
Eles não se prenderem ao fato de eu ter experiência com Product Design ou não. Mas eles se apegaram ao potencial que eu tinha para me desenvolver e desempenhar um bom trabalho, agregando valor à área.
Você pode contar como foi o processo seletivo para Udemy?
O primeiro contato que tive foi pelo telefone com a recrutadora interna da Udemy. Em seguida, eu fiz uma entrevista presencial já com a pessoa que é meu gerente hoje.
Foi nessa entrevista onde o foco estava bastante nas minhas habilidades e potencial, mais do que na minha experiência com Product Design.
A terceira etapa foi a apresentação do portfólio.
Nessa questão, havia um problema que eu esqueci de comentar. Eu tinha um contrato de confidencialidade com o Facebook. Eu não poderia compartilhar nenhum projeto no qual eu participei na empresa. Eu só poderia apresentar os cases, mas não poderia colocar no portfólio e mandar para as pessoas.
Por conta disso, muitos recrutadores não avançavam comigo nos processos. Mas a Udemy não teve problema algum com essa questão.
Então, na terceira etapa eu tive que apresentar meu portfólio e algum outro case que não precisaria estar nele.
Acabei, então, apresentando 2 projetos que fiz no MID e dois cases que participei no Facebook. Um sobre um player de video e outro sobre uma página com diversos filtros que fizemos.
Uma coisa importante de ressaltar é que eu apresentei não somente o material final, mas todo o processo, passando pelos problemas que a gente tinha, como os identificamos, resolvemos e testamos.
A última etapa foi dentro da Udemy, no dia a dia da empresa. Eu passei uma manhã com eles e participei de algo parecido como um Sprint.
Comecei pela manhã, conversei com o Product Manager e o Design Manager, eles me passaram o briefing, eu fiz perguntas, analisei e desenvolvemos juntos uma solução para o problema.
No final, tive que apresentar essa solução e todo o processo para a equipe.
Acho legal esse processo de imersão porque acaba sendo mais dinâmico do que um Design Challenge, por exemplo
Sim! E é interessante até para você se ver trabalhando com as pessoas e com a equipe.
É uma experiência em que você também analisa se é uma empresa e um ambiente no qual você realmente se sente à vontade para estar e trabalhar.
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E como que está sendo essa experiência com Product Design na Udemy?
Tem sido muito boa!
A empresa é exatamente o que eu estava buscando.
Sair de UX Design para Product Design realmente é um desafio muito grande. Eu estava mais tranquila porque meu gerente estava bastante ciente dessa minha transição.
Ele dizia para mim que queria ver como eu me desenvolvia nesse novo desafio com produto.
Até o momento, os feedbacks têm sido positivos! Acho que tenho ido bem, então! (risos)
Mas eu acho que, com Product Design, você tem muito mais variáveis para levar em consideração.
Um produto é muito maior do que um site ou um aplicativo simples, por exemplo. Dessa forma, você tem que pensar no business, nos stakeholders e em um monte de outras coisas.
Além disso, tem a parte das soft skills também. Você tem que conversar com diferentes tipos de pessoas e tentar agregar todos esses inputs na solução a desenvolver.
O que ajuda bastante é todo o suporte que eu tenho aqui. Os gerentes, os pares, enfim, todo mundo tem um senso de trabalho em equipe muito forte! É incrível!
E como está esse período com trabalho remoto? Você mal começou e já teve que trabalhar de casa
Confesso que eu nunca gostei de trabalhar de casa. Eu gosto de ir para o escritório porque eu sinto que as coisas ficam separadas. O que é o trabalho e o que é minha casa.
Nesse sentido, pra mim, foi um grande desafio organizar a minha rotina e deixar tudo certinho, no seu devido lugar.
Com relação à empresa, tem sido muito tranquilo.
A Udemy já era uma empresa bastante digital. Então, antes mesmo da pandemia, as pessoas tinham a opção de trabalhar em Home Office quando quisessem.
O que mudou é que agora toda a empresa está online; e não apenas algumas pessoas.
Além disso, começamos a usar mais ferramentas colaborativas, como o Miro e o Zoom, para reuniões online.
Antes, não usávamos tanto esse tipo de programa.
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Se alguém estiver muito interessado em trabalhar na Udemy, quais dicas você daria para essa pessoa?
O primordial é gostar de aprender.
Por ser uma empresa de aprendizagem, nós buscamos profissionais com esse perfil.
Na verdade, eu acho que essa dica vale para diversas áreas e empresas.
Nós sempre temos que estudar e buscar conhecimento, não porque precisamos, mas porque gostamos.
Ou seja, se você trabalha ou faz algo que gosta, você não vai encarar os estudos como um fardo. Você simplesmente vai estudar porque você gosta, tem interesse pelo assunto e aquilo te faz bem.
Se você conversasse com a Inis do passado, antes de ir para Product Design, quais dicas você daria para ela?
Eu só diria para ela ter calma e paciência.
"Calma, porque um dia você chega lá!"
Eu acho que tudo é uma questão de tempo, de estar no lugar certo, na hora certa e preparado para abraçar as oportunidades.
Uma hora as coisas acontecem se você está atento e preparado para isso.
Hoje, pensando em tudo pelo que passei, eu não teria feito nada diferente. Acho que todos as negativas que recebi me levaram para a Udemy, que é uma empresa na qual me vejo durante muitos anos.
Então, acho que é isso. Tenha calma e paciência porque tudo vai dar certo!