Joyce descreve toda a sua trajetória, desde um simples workshop que participou, seus estudos no Bootcamp Master Interface Design, até chegar na contratação pela Wunderman Brasil, para fazer parte da equipe como UX Designer.
Ela também conta quais as principais diferenças que ela percebeu entre as duas carreiras e, ainda, como um bom networking pode ser tão importante quanto um bom portfólio na hora de você conseguir uma oportunidade de trabalho.
Qual era seu background antes de migrar para UX?
Eu sou formada em publicidade e trabalhar em agência sempre foi meu sonho. Já no primeiro semestre da faculdade consegui uma vaga de Diretora de Arte (DA) em uma agência.
Como é muito comum na área de publicidade, passei por diversas agências ao longo do tempo, mas sempre exercendo a função de DA. Foram 8 anos conhecendo a fundo essa área e, aos poucos, fui percebendo que eu queria algo a mais.
Quais eram as suas atribuições como DA?
O DA, basicamente, é a pessoa que precisa gerar ideias. Recebemos o briefing do cliente, já contendo todas as informações, e precisamos criar uma maneira criativa de comunicar essa peça ou campanha. Claro que envolve bastante execução, mas o principal é a ideação.
Na teoria, a descrição do cargo é isso que comentei. O DA é responsável por criar ideias. Mas na prática, por conta de prazos apertados, acabamos sendo mais uns “solucionadores de problemas” dentro da comunicação que o cliente já faz. Não há tempo, geralmente, para criar algo muito diferente. A parte criativa acaba ficando de lado.
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Como você conseguiu migrar de DA para UX Designer?
Há mais ou menos 3 anos me inscrevi em um workshop sobre usabilidade, sem qualquer pretensão de mudar de carreira. Mas no final, acabei adorando o tema e os conceitos de UX.
No fim do ano passado, eu estava me sentindo desmotivada e comecei a sentir vontade de mudar. Lembrei do workshop que havia feito e comecei a procurar escolas onde pudesse aprender mais sobre o assunto.
Pesquisando na internet, acabei descobrindo o site da Aela. Li toda a landing page e estava achando aquilo bom demais para ser verdade! Sempre tive receio de fazer cursos online. Mas tomei coragem e me inscrevi para o MID, afinal, havia a garantia de reembolso caso não gostasse do curso nos primeiros 60 dias.
Acontece que logo na primeira aula eu me apaixonei pelo tema e pelo curso. Percebi que tinha acertado na minha decisão. Agora eu tinha certeza que queria realmente mudar de área. Comecei a estudar muito. Pesquisava vários materiais e fazia todos os exercícios.
Quando eu estava traçando um plano para efetuar a transição de carreira, uma colega minha entrou em contato dizendo que tinha uma vaga aberta para UX Designer na Wunderman Brasil, uma agência de publicidade onde eu já havia trabalhado. Como conhecia o ambiente de trabalho e as pessoas, resolvi tentar juntar o útil ao agradável e decidi participar do processo.
Fiz uma entrevista e consegui montar um portfólio da noite para o dia. Juntei 3 peças mais um case completo, utilizando os exercícios do Bootcamp MID. Apresentei o portfólio e passei no processo.
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Você acha que o seu networking foi um fator decisivo para conseguir essa vaga?
Sem dúvida. É claro que sem um portfólio consistente para a posição, não adiantaria conhecer as pessoas. Mas com certeza, o fato de as pessoas já conhecerem meu jeito de trabalho e o meu perfil me ajudou muito. Networking é chave, com certeza.
Quais as diferenças que você sentiu entre trabalhar com DA e trabalhar como UX Designer?
A maior diferença, pra mim, é que UX é uma área mais estratégica. Enquanto o DA fica com uma parte mais de criação e imaginativa, UX é mais baseado em pesquisa, fatos, dados e pessoas. Não basta ter uma ideia se ela não funciona. Não adianta montar um site lindo se ele não é funcional para o público.
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Como é o seu dia a dia como UX Designer na Wunderman?
Aqui na Wunderman, o grupo de CX (Consumer Experience) fica separado da parte de criação, e dentro desse grupo há duas equipes: uma de UX e outra de UI. E a grande diferença que eu sinto aqui, comparado à outras agências, é que damos um grande valor para as áreas de UX e UI. O nosso grupo de CX, para ter uma ideia, conta com mais de 20 pessoas.
Com relação ao fluxo do dia a dia, quando aparece um job que precisa dessa parte de construção, o primeiro a se envolver é o UX Designer. Recebemos o briefing com todas as informações e, a partir dele, começamos a desenhar as páginas. Depois enviamos para as aprovações necessárias, e, se tudo for aprovado, o projeto vai para a área de UI.
Às vezes as aprovações com os clientes podem ser um pouco difíceis. Como que é essa relação do UX com os clientes?
A relação com os clientes tem sido bem boa. O meu maior cliente atualmente tem uma área de UX própria. Então, toda solicitação de alteração vem com mais propriedade, e acaba sendo um bom trabalho em conjunto.
As duas equipes (Wunderman e cliente) acabam trabalhando e desenhando juntas, dessa forma os atritos e frustrações são menores.
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Qual dica você deixaria para alguém que está nesse processo de aplicar para vagas de UX Design?
Não sei dizer com propriedade como é o processo formal de aplicação, já que o meu foi por meio do networking que eu já tinha lá. Mas acho importante a pessoa deixar claro que está interessada e que ela sabe do que está falando. Não pode cair de paraquedas no assunto. Tem que criar um portfólio, estudar os termos e saber quais são os jargões, para, na hora da entrevista, mostrar que entende do assunto.
Como é sua equipe de trabalho aí na Wunderman?
Fui super bem recebida e, apesar de já ter trabalhado aqui, não conhecia ninguém da equipe de UX. Então, foi como entrar numa empresa nova. A equipe foi muito receptiva e me ajudaram bastante com softwares, plugins e etc. Mas mesmo tendo essa ajuda, eu acho importante também correr atrás, ter interesse em aprender coisas novas e descobrir caminhos por si só.
Você acha que saber programação tem alguma vantagem para o Designer?
Aqui na Wunderman é totalmente separado. Talvez, saber o código possa te ajudar na hora de pensar o design, mas pro dia a dia acho que não ajuda muito.
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O que você pode dizer sobre o Bootcamp MID, para as pessoas que tem interesse em fazer?
Sobre fazer o Bootcamp: FAÇAM!
A metodologia é muito boa, é um curso que possui bastante parte prática, e isso faz muita diferença. Quando você assiste a um vídeo, você pensa que entendeu e que sabe fazer o que foi ensinado. Mas quando você vai sentar para fazer, você percebe as dificuldades. E isso te obrigada a ver de novo o material, pesquisar outras fontes, outros vídeos, etc.
A equipe é sempre muito acessível para tirar dúvidas. A comunidade dos alunos também é muito legal, ajuda muito.
Eu só tenho a agradecer, e olha que eu só estou começando e ainda tenho um grande caminho pela frente.
Quais são seus planos para o futuro?
Eu estou dando o primeiro passo na direção dessa carreira nova, então meus planos são de estudar bastante e aprender na prática as coisas que só são possíveis de aprender estando no dia a dia de trabalho.
Futuramente, a ideia é sair do país, com certeza. Eu vejo as vagas que vocês divulgam, e tem muito emprego fora daqui. Eu sempre quis sair do país, mas nunca vi chance trabalhando em publicidade.
Agora que trabalho com UX, vejo essa ideia como algo mais palpável.
Quais dicas você deixa para quem quer migrar para UX/UI?
Independentemente de você trabalhar numa área relacionada ou não, a minha dica é: estuda bastante! Estuda muito mesmo! Pode parecer uma resposta clichê, mas é verdade. O estudo é muito importante.
Participe de eventos, corra atrás de material online, no Youtube, etc. Você vai achar muito conhecimento, porque quem trabalha com isso é apaixonado e quer compartilhar o que sabe.