No cenário atual de constantes mudanças tecnológicas e de mercado, muitos se perguntam sobre as possibilidades e desafios de embarcar em novas carreiras, especialmente em UX e Product Design.
Nesse contexto, apresentamos a fascinante trajetória de Arnouth Pessoa. Com um background repleto de reviravoltas, desde inclinações artísticas a um cargo público, Arnouth trilhou seu caminho até se tornar efetivamente um UX Designer.
Em nossa conversa, ele reflete sobre a importância de ser autêntico nas entrevistas de emprego, o valor do design como profissão, e até mesmo sobre o impacto da inteligência artificial no futuro do trabalho.
Junte-se a nós nesta entrevista e descubra as dicas e insights que Arnouth compartilha, frutos de sua rica experiência e perspectiva única no mundo do design.
Arnouth, por favor, apresente-se.
Obrigado, Felipe!
Antes de tudo, gostaria de dar um breve aviso: acabei de ser pai, então o rosto que vocês estão vendo agora é mais de um recém-pai do que de um profissional de UX.
Meu nome é Arnouth Pessoa. Atualmente, meu cargo é denominado "Customer Experience Designer", mas sou, essencialmente, um UXer.
Estou na Aela desde o ano passado e, neste ano, consegui fazer a minha transição para UX. Estou muito feliz com essa mudança.
Arnouth, conte-nos um pouco sobre o seu background. O que você fazia antes de se aventurar no mundo do UX?
Minha trajetória tem várias reviravoltas, bem atípica. No início, sempre tive uma inclinação artística. Acredito que essa é uma história comum entre muitos que vieram das artes e migraram para o design.
Porém, por um momento, pensei em seguir carreira militar. Mas, na decisão final, optei por não sair de Recife e acabei não seguindo com isso. No mês seguinte, já estava cursando Design e trabalhando na área. Ingressei em uma empresa de design de alguns conhecidos e atuei por um tempo como Visual Designer.
Apesar da minha paixão pelo design, havia uma pressão para uma estabilidade financeira. Influenciado por conselhos familiares, decidi prestar um concurso público. Após apenas três meses de estudo, fui aprovado em um concurso para o tribunal de justiça, onde permaneci por oito anos.
No entanto, nunca abandonei minha essência de designer. Continuei estudando, ilustrando e fazendo cursos variados da área. Sentindo a necessidade de retornar ao design, busquei cursos para aprimorar meu fluxo de trabalho. Em um certo ponto, decidi me certificar como Social Media e empreendi com um amigo. Infelizmente, as coisas não evoluíram como esperado.
Foi nessa época que o UX entrou em minha vida. Há cerca de três anos, meu cunhado já havia mencionado o quão promissora estava a área de UX. No entanto, só no ano passado que realmente mergulhei no assunto. Durante um curso, assisti a um vídeo sobre viés cognitivo que me fez ver o potencial do UX Design, levando-me a conhecer a Aela.
Naquele momento, minha esposa estava no Canadá. Ela e meu sogro, entusiasta de tecnologia, avaliaram o MID, o curso oferecido pela Aela que me chamou atenção.
O que mais me atraiu na Aela foi a autenticidade de seu marketing. Não eram promessas vazias. As entrevistas com alunos apresentavam histórias reais, diversas, e isso transmitiu a seriedade do trabalho da Aela. Por essa razão, decidi me inscrever no curso MID. Após ingressar, percebi que foi a decisão certa. Desde então, minha carreira tomou um novo rumo.
Um grande desafio para quem está começando em UX é discernir as promessas falsas e identificar informações relevantes. Como você acha que podemos distinguir as informações úteis das que não são?
Antes de entrar nisso, acho fundamental destacar a importância de buscar um curso estruturado. É possível passar muito tempo buscando informações dispersas na internet, seguindo diferentes opiniões em posts do Instagram e assim por diante. Eu já passei por esse processo, e posso dizer que pode ser bem difícil e frustrante.
Decidi buscar um curso porque percebi que ele me pouparia muito tempo. Por isso, sempre aconselho quem puder: invista em um bom curso. A qualidade do curso está intrinsecamente ligada à equipe que o ministra. Por exemplo, Felipe, sei que você dá grande importância à equipe de mentores da Aela, profissionais atuantes no mercado internacional. Sua própria experiência é um diferencial.
Evito propostas que soam fantasiosas ou exageradas, mesmo vindas de um "guru". O que a Aela trouxe de diferencial foi o senso de comunidade. A aprendizagem não se centraliza em uma única figura; existem os mentores e a interação com outros alunos. Na comunidade da Aela, encontrei um excelente parceiro de design, além de desenvolver amizades baseadas em trocas diárias de dicas e estudos.
Uma dica crucial para quem busca um curso é analisar a comunidade que o rodeia. Em muitos cursos que fiz, sentia-me isolado, sem interação com outros alunos. A Aela destacou-se nesse aspecto. Sempre que recomendo a Aela, destaco tanto a comunidade de alunos quanto o time de mentores.
Um dos aspectos que mais valorizo são as reuniões, como os "coffee times", onde há uma rica troca de experiências. Isso, para mim, é inestimável.
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Na sua perspectiva, como as pessoas podem otimizar a interação com a comunidade, professores e encontros?
Em minha opinião, as habilidades comportamentais, as chamadas soft skills, são fundamentais. Claro que as habilidades técnicas (hard skills) são essenciais, mas a maturidade e a capacidade de se relacionar se destacam. A comunicação é crucial; não basta apenas afirmar no currículo que você é comunicativo – é preciso demonstrar isso na prática.
O mercado de trabalho não é um caminho já traçado e pronto. Ao entrar em uma empresa, muitas vezes, é necessário "evangelizar" a importância do UX, conquistar a confiança de outros stakeholders e, assim, construir o próprio caminho. Desde o início, mesmo antes de adentrar na área, essa postura proativa é fundamental.
A Aela proporciona uma excelente base com uma comunidade repleta de profissionais talentosos e engajados. No entanto, também é fundamental que o aluno faça sua parte, sendo proativo, buscando conexões e parcerias, como o design pair, e participando ativamente dos encontros e aulas.
A postura proativa, a habilidade de comunicação e a busca contínua por aprendizado e conexões são determinantes não só no início, mas ao longo de toda a carreira. Vejo muitos alunos que se destacam participando de grupos de estudo, conectando-se no LinkedIn, trocando informações e engajando-se de forma consistente.
Portanto, sempre enfatizarei a importância das soft skills, maturidade, comunicação e proatividade no sucesso profissional.
Como foi o seu processo de estudos em UX Design?
Quando decidi mergulhar no mundo do UX Design, adotei uma abordagem "All in", pois essa é a minha natureza. Assim como fiz quando me preparei para o concurso público, interrompi minha faculdade de design para dedicar integralmente aos estudos do concurso.
Antes de começar, assisti a vários vídeos da Aela, analisando o tempo de migração de cada pessoa. Notei que há uma tendência: quanto mais dedicado você é, mais rapidamente consegue migrar. Assim, tomei a decisão de me dedicar por completo. Preparei minhas finanças e conversei com minha família. O apoio deles, especialmente da minha esposa, foi crucial. Sem esse suporte, minha jornada teria sido muito diferente.
Estabeleci uma rotina rigorosa, similar a um expediente de trabalho, focada nos estudos. Começava pela manhã e ia até o final do dia. Com o tempo, admito que a rotina ficou exaustiva, mas persisti. Nessa fase de transição, cheguei a me dedicar mais do que quando estava empregado, pois além de estudar, também procurava conexões, participava de comunidades e grupos de estudo. Enfim, fiz tudo ao meu alcance.
Se você almeja ingressar rapidamente no mercado, é essencial ser proativo. A área de UX Design está repleta de profissionais apaixonados, dedicados e motivados. Para destacar-se entre eles, é necessário um esforço extra.
Desde o início, me empenhei ao máximo. Participei ativamente das aulas, conectei com colegas, debati ideias e estabeleci parcerias. Uma delas, meu design pair, teve uma influência significativa na minha trajetória. Conversávamos semanalmente, trocando ideias e perspectivas. Embora hoje tentemos manter essa troca, às vezes é mais difícil devido às nossas rotinas.
Em resumo, meu sucesso em UX Design foi fruto de dedicação intensa e comprometimento.
Como foi sua experiência na busca por emprego e como conseguiu a primeira vaga em UX Design?
A busca por um emprego é um processo que exige preparação e planejamento. Aprendi muito sobre isso ao trocar experiências com outros membros da Aela.
Primeiramente, eu queria me sentir completamente preparado antes de me lançar no mercado. Isso significava ter pelo menos um projeto sólido e bem estruturado para adicionar ao meu portfólio. Após completar esse projeto, iniciei minha jornada de conexões no LinkedIn, uma plataforma que considero essencial para qualquer profissional da área.
Vindo do setor público, meu perfil no LinkedIn era praticamente inexistente. Então, dediquei a criar uma presença robusta ali, engajando com profissionais e comunidades relacionadas a UX. Sempre que visitava o perfil de alguém, fazia questão de enviar uma mensagem personalizada. Acredito que a humanização e a proximidade são fundamentais para estabelecer conexões genuínas, e isso definitivamente abriu muitas portas para mim.
Uma estratégia que se mostrou particularmente útil foi interagir com colegas da Aela que compartilhavam oportunidades de trabalho. Isso me proporcionou um impulso significativo na minha busca.
Algo que recomendo é manter um registro das vagas para as quais você se candidata. Isso permite que você avalie seu desempenho durante as entrevistas e identifique áreas onde pode melhorar. Solicitar feedback após as entrevistas também é crucial.
Sei que a busca por emprego pode ser desgastante, especialmente após meses de tentativas sem sucesso. Mas é crucial manter resiliente e não desistir. Foi esse mindset que me permitiu continuar.
Gradualmente, fui identificando os fatores que me beneficiavam nas entrevistas. E sempre busquei ativamente por oportunidades, explorando várias fontes e adotando uma abordagem estratégica.
Como foi a experiência de sair de um cargo público para assumir uma posição de designer júnior? Muitos têm receio de parecer um retrocesso, principalmente com a possibilidade de começar ganhando menos. Como você lidou com isso?
Essa é uma questão interessante. Muitos associam a estabilidade a cargos públicos, mas, para mim, o conceito de estabilidade mudou. Atualmente, acredito que ser verdadeiramente estável é ser competente e apaixonado pelo que faz. Eu nunca fui do tipo que se acomoda após alcançar uma posição; isso simplesmente não combina com meu perfil.
Meu desejo sempre foi atuar em algo que eu amasse, não apenas para mim, mas também para ser um exemplo positivo para minha filha que, à época, ainda estava para nascer. Ao decidir retomar minha carreira em Design, enfrentei resistência e críticas por parte da família. No entanto, ao pedir exoneração do serviço público e me dedicar integralmente ao design, percebi que estava fazendo a escolha certa. Hoje, olhando para trás, não tenho nenhum arrependimento, e até minha família percebe o quanto estou mais realizado.
Em relação ao mercado, é verdade que há uma vasta gama de oportunidades. Em momentos de desespero, pode ser tentador se candidatar a qualquer vaga. Contudo, é essencial ter estratégia. Existem vagas que pagam mais e outras que pagam menos, e para as mais atrativas, é necessário estar bem preparado, conhecer os pré-requisitos e pesquisar a fundo sobre as empresas.
Felizmente, encontrei uma posição que se alinhava perfeitamente ao meu perfil. E acredito que, com a preparação e o perfil adequado, é possível encontrar oportunidades que atendam às nossas expectativas e necessidades.
Quando você fala que há vagas que pagam muito e outras que pagam pouco, o que você viu de salário quando estava fazendo suas pesquisas e aplicando?
Ao explorar as ofertas de trabalho em design, observei uma ampla variação salarial. Algumas vagas, particularmente as de remuneração mais baixa, ofereciam salários em torno de R$ 2.000, enquanto posições de estágio chegavam a pagar cerca de R$ 1.800.
Por outro lado, considerava uma remuneração decente aquelas que ofereciam valores próximos de R$ 4.000 a R$ 5.500. Vale ressaltar que, devido a flutuações na economia, esses números podem ter sofrido alterações.
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Arnouth, tendo passado por diversas entrevistas de emprego ao longo da sua trajetória, quais seriam seus maiores aprendizados neste processo?
Olha, Felipe, uma coisa que aprendi, e é algo que sempre destaco, é a importância de ser genuíno. Quando iniciei minha busca pela primeira oportunidade, eu percebi que as empresas valorizavam autenticidade. Então, em cada entrevista, era simplesmente eu mesmo, sem máscaras.
Para ilustrar o que quero dizer: em entrevistas, não se trata apenas de decorar respostas para perguntas típicas. É claro que a preparação e o planejamento são fundamentais, mas é crucial lembrar que, do outro lado, temos humanos. Eles buscam alguém real para integrar a equipe.
Em minha experiência, adotar uma postura excessivamente formal e ensaiada, quase como se estivesse lendo um script, é contraproducente. As pessoas notam essa falta de autenticidade. Nas entrevistas que fiz, sempre mantive uma abordagem franca e sincera, similar a como estou conversando contigo agora.
É essencial ser interessante e transmitir confiança nos próprios conhecimentos. E, se alguém sente que não está seguro o suficiente, meu conselho é: estude mais! Invista em você até sentir que pode ser genuíno e seguro em suas entrevistas.
Muitas pessoas têm paixão pelo design, mas receiam não poder viver disso. O que você diria a elas com base na sua experiência?
Primeiramente, quero ressaltar que é absolutamente possível ter uma carreira sustentável e próspera em design. Porém, é fundamental abordar essa carreira com maturidade.
Muitos em transição para o design se preocupam por não ter um background específico na área. Sempre reforço a importância de capitalizar o que já possuímos em nossa trajetória. Por exemplo, embora meus anos no serviço público parecessem não ter conexão com o design, a maturidade e habilidades interpessoais que desenvolvi naquele ambiente se mostraram essenciais quando migrei para UX.
Então, é vital reconhecer e valorizar o próprio background, qualquer que seja.
Para aqueles que estão começando e enfrentam ceticismo sobre viver de design, aconselho: não se deixem desanimar. Sim, cada pessoa conhece seus desafios individuais, mas o mercado de design é vasto e oferece oportunidades para diversos níveis de expertise.
O caminho para uma carreira sólida em design envolve formação contínua. Existem muitos cursos e materiais de qualidade disponíveis. Porém, é crucial ser criterioso e evitar propagandas enganosas ou autoproclamados "gurus".
Recomendo que explorem o LinkedIn, observem as vagas disponíveis e os requisitos solicitados. A chave é ter determinação para atender a essas demandas.
A real distância entre você e seu sonho está na disposição em perseguir esse objetivo. Se você tem paixão pelo design, vá em frente! Quando trabalhamos com o que amamos, mesmo os desafios se tornam mais suportáveis. Enfrentar dificuldades em um trabalho que você ama é muito diferente de lidar com adversidades em um emprego que não lhe traz satisfação.
Portanto, se sentirem a vontade de seguir essa carreira, persigam com estratégia e paixão. A satisfação de viver do que se ama é incomparável.
Quero fazer uma pergunta que nunca fiz a ninguém: o que você pensa sobre inteligência artificial? Acredita que ela pode acabar com o mercado e nos deixar desempregados?
Acredito que a inteligência artificial seja uma ferramenta poderosa, mas, pessoalmente, não vejo ela como uma ameaça total aos nossos empregos.
Uma das razões para minha contratação atual foi, justamente, minha familiaridade com a IA. Completei um curso da IBM sobre o tema para compreender melhor essa tecnologia e suas aplicações práticas. Então, quando demonstrei minha capacidade de integrar o uso da IA ao trabalho, isso definitivamente me destacou durante o processo seletivo.
Historicamente, a evolução tecnológica sempre trouxe mudanças em diversos setores. Mas isso não significa que a IA substituirá todos os cargos humanos. Se pensássemos assim, qual seria o propósito de continuar em nossos trabalhos atuais?
Meu foco sempre será desenvolver habilidades e competências que a IA não pode replicar. Vou priorizar o investimento em conhecimento humano, em gestão e em áreas que, combinadas com minha experiência, são difíceis para a IA imitar.
O elemento humano é insubstituível. Nossas interações diárias, seja presencialmente ou remotamente, são fundamentadas na conexão humana. Precisamos otimizar nossas capacidades humanas e não temer a tecnologia. Pessoalmente, estou confiante em minha capacidade de coexistir e até colaborar com a IA.
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Arnouth, obrigado pelo seu tempo e muito sucesso na sua jornada!